quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Não desejo muito

Não desejo muito a cada ano que começa.
Desejo a paz, a saúde,
O acompanhamento de Deus,
Agir com pelo menos certo temor.
Acredito que tenha feito isso no ano passado,
Acredito que alguns percentuais 
Das trocentas mensagens compartilhadas
Deram mesmo certo.
Porque eis que aqui estou 
e um novo ano começa.

Assim, eu pretendo colher 
O que plantei no ano passado.




O restante do poema está no meu livro: Meu Canto de Raiva e Outros Poemas

sábado, 26 de dezembro de 2015

Ninguém de ninguém e o poliamor

Assisti na TV que existem estudos acadêmicos sobre o poliamor. Falava a respeito disso, tempos atrás, uma pesquisadora brasileira, que acabara de lançar um livro. 
Sem a mínima pretensao de ser pleno a respeito deste assunto, diz - se que o "poliamor é antes de tudo um polirrelacionamento. É a possibilidade de ter dois ou mais relacionamentos simultâneos, que englobam afeto e sexo".
A mesma pesquisa do Uol fala que o "conceito foi definido em 1990, no glossário de terminologia relacional de um evento em Berkeley, nos EUA, e em 1997, no livro 'Amor sem Limites', de Deborah Anapol". Conta-se que a primeira união oficial no estilo poliamor se deu em 2012.
Sou de formação cristã tradicional, apesar do meu jeito vanguardista (risos), mas reconheço que essa nova confirmação "familiar" poderia evitar muito do que acontece no mundo. Por outro lado, por mais tentador que possa parecer, tenho uma cisma ainda grande de que,em algum momento dessas vidas, apareçam conflitos extremos. Ou não, posso apenas estar sendo ignorante e/ou preconceituoso.
Exemplos 
Conheço homens de formação cristã ou secular que, lá no fundo, desejariam ter uma vida a três ou mais, pois isto serviria para justificar seus desejos gozosos e ainda pacificar seus conflituosos relacionamentos conjugais e - atualmente taxados - extraconjugais. Dessa forma, desde que as mulheres envolvidas se entendam, para esse homem, seria bastante proveitoso, poder transar a vontade com duas ou mais esposas. 
Por outro lado, como ficaria o amor numa situação dessas? E o tal do ciume? Como deve ser o dia a dia desses "casais", quando aparecem outras pessoas na jogada? Só recorrendo a literatura a respeito para saber...
E naqueles casos de poli-casais, em que o macho acabe de afeiçoando por uma de suas várias mulheres? Ou a fêmea acabe se afeiçoando mais por um dos machos? Ou um desses se afeiçoe mais por um do mesmo sexo? Como fica o coração dessas pessoas ao verem sua/seu queridinha/o tendo relações mais "quentes" com outro parceiro de poliamor, muitas vezes diante dos seus olhos? Onde entra a disputa aí? A equação sempre se fecha?
Este post irá continuar...
"Ninguém é de ninguém
Na vida tudo passa
Ninguém é de ninguém
Até quem nos abraça
Não há recordação que não tenha seu fim
Ninguém é de ninguém
O mundo é mesmo assim..."

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A saudade - um poema incompleto

A saudade está entre nós 
E não pede tanto para ser vista
Pois já sabe que existem olhos
Que vêm demais

A saudade está num canto qualquer 
E confunde-se 
Com sentimentos que as vezes já não existem.

Partidos os galhos da afeição 
Outrora envolvidos no puro orvalho
O sofrer num calvário

O sossego é só uma ilusão
O sossego é mera ilusão...



Dia de Natal e dia de Ano Novo

Dia de Natal é um dia comum
Dia de ano novo também,
São frases que uso sempre 
Para infelicidade geral da família
(Risos) 


Eu passei meu dia de Natal trabalhando
Mas tanto faria se o passasse folgando
Eu passarei o meu ano novo
Seguindo a data do calendário
(Risos)

Isso porque não depósito 
Na conta da felicidade
Nenhum dom supremo 
A duas datas do calendário

Jesus precisa ser lembrado 
Além do Natal
Dia de confraternização universal
Pode ser todo dia
Porque todo dia é santo 
Todo dia é dia de viver

Se acontecer de sair no Natal
Bom será
(Jesus comia peru, dava presentes?)
Se acontecer de sair ano novo
Bom será 
Ver gente que olha pro céu
(A alegria dura tanto quanto a pirotecnia?)
Se não acontecer nada disso
Bom será
O importante é estar vivendo.


sábado, 5 de dezembro de 2015

Como fazer cristianismo social na igreja - parte 5

O brasileiro médio diz que sobre "religião, política e futebol" ele não discute. Eu prefiro dizer de outra forma: como não me sinto entendido em assunto algum (especialista em coisa alguma) vou continuar exercendo o hábito de discutir sobre os assuntos que aparecerem, nem que seja para dizer minha frase clássica: "isso é complexo" (uma boa forma de fugir do assunto por pura ignorância de minha parte).

Considero melhor ouvir uma pessoa tida como "ignorante" falando de política, religião e futebol, do que ouvir um "entendido" se esquivando de quaisquer assuntos, por questão de fé, crença, religiosidade, apego às instituições religiosas, compromisso com ministros, ou qualquer motivo.
Discutindo com amigos sobre temas "complexos", percebo que justamente quando o assunto é religião  - e cristã - muitos fogem da conversa. Certamente, eu prefiro tomar isso como uma postura de "boa vizinhança". Não acredito que seja medo de expor a fé. Não quero acreditar nisso. Ou será que sou eu quem estou dando a cara para bater, revelando que minha fé cristã vive certos conflitos, diante de tanto burburinho teológico, histórico, arqueológico e político que se ouve?
Se é isso, eu não sei. O que dá para saber é que nesse tipo de igreja de que venho falando,  a máxima da religiosidade seria esta:
"Tiago: 1. 27. A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como sincera e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e, especialmente, não se deixar corromper pelas filosofias mundanas."
Ela precisará ser uma organização que faça tudo pelo social,  até o máximo do seu limite. Não iria pregar comunismo, socialismo, capitalismo, só iria procurar focar na multiplicação da filantropia,  sem se importar com a crença da pessoa ajudada.

domingo, 29 de novembro de 2015

Como fazer cristianismo social na igreja - parte 4

A experiência que tenho como membro de igreja evangélica é simples e pode ser descrita no coletivo: entramos para seguir a Jesus e aos princípios doutrinários daquela denominação, e geralmente nos acostumamos a ser crentes passivos.
Afinal de contas, existe em qualquer igreja uma cúpula geralmente liderada pelo pastor local, o qual está imediatamente subordinado ao pastor setorial, que por sua vez está sendo conduzido por um pastor maior e assim por diante. Acabamos nos conformando com o nosso papel de simples contribuintes da "obra de Deus", e não nos importa o que a denominação fará com aquele dinheiro. Meu Deus, e se as igrejas brasileiras fizerem como os políticos brasileiros? Se os "caciques" passarem a abrir contas no exterior, acumular capital e mais nada?
Eu teria certo receio de viver num país em que uma "lei da transparência" passasse a vigorar para as denominações religiosas. Acredito que muito do que fosse divulgado acabaria desviando muita gente. Mas muita coisa certamente seria sonegada...
Não quero criticar uma congregação, mas a maioria delas. Apesar de crente e um pouco visionário, sei que nada vai mudar no status quo que aí está. Mas sonho com pelo menos um dia em que as prestações de conta das igreja caminhassem passo a passo com pelo menos a fiscalização crítica.
Reconheço que determinados "trabalhadores" da obra de Deus deveriam ser remunerados. Já fui tesoureiro de igreja e começaria dizendo que o primeiro a ser remunerado (nem que fosse com uma ajuda de custo) seria o tesoureiro. Quantas não foram as vezes em que me via em apuros financeiros? Depois desse servo, viria pelo menos o pastor e o pastor auxiliar. Esses três servos, e alguns outros dentro da congregação, deveriam ter alguma forma de remuneração.
Não há mal em trabalhadores do evangelho serem beneficiados com alguma forma de remuneração. Pior coisa já se faz: pregadores que  cobram cachê e só vão a eventos de porte, cantores que cobram cachê e só cantam em eventos que gerem boa renda (por que não ir às igrejinhas?), pastores que têm sua igreja como empreendimento, cobranças de dízimos, super ofertas, super votos monetários, etc.
No próximo post, falarei de dízimos e ofertas.

Como fazer cristianismo social na igreja - parte 3

A Igreja Evangélica do Cristianismo Social teria que ser relativamente comunista, pelo menos ao máximo que ela pudesse. Sei que nem todos os membros terão carros do ano, casas super confortáveis, planos de saúde, até porque seríamos uma igreja, e não uma revolução mundial de reformulação do capitalismo.
Mas, enquanto dirigente, eu não tenho como aceitar irmãos morando en casas precárias, quando ali temos mãos de obra, materiais e mutirão para ser feito. Não daria para dar um carro a cada irmão (mas se desse, por que não?), mas o que nos impediria de mandar fazer a chaparia no velho carro de um membro que dependesse desse transporte?
Gente, o modelo político-social das igrejas contemporâneas prega amor ao próximo, mas as igrejas são incapazes de fazer alguma coisa por um esquizofrênico que passa anos e anos perambulando pelas ruas da comunidade. Os pastores vão dizer: "isso é um problema do serviço de saúde". Mas eu diria que pode até ser. No entanto, o esquizofrênico precisa comer, beber, tomar banho, trocar de roupa, ter algum lugar pra morar.
O que fazer com todos os doidos, mendigos, drogados que vivem nas ruas? Talvez, as igrejas sejam incapazes de resolver, talvez elas nem juntas consigam. Mas, porque elas nem tentam, na maioria das vezes?
Uma igreja tem despesas fixas: alguns pontos são alugados, faxineiros, obreiros e outros dirigentes até recebem ajuda de custo. Mas, depois de quitadas todas essas despesas, não sobra nada?
Duvido muito. Falta vontade para gastar o dinheiro de outras formas. Em outras vezes, falta criatividade.
Em outras vezes, o pastor local é tão "devoto" da liderança geral, que se sente sem autonomia para resolver problema algum, que não sejam aqueles de costume.

Como fazer cristianismo social na igreja - parte 2

Prosseguindo este projeto da nossa Igreja do Cristianismo Social,  eu não aceitarei permanecer dirigente se não conseguir deixar uma "marca" na sociedade. Não compreendo uma igreja que não consiga dar uma contrapartida social. Evangelização precisa andar junto com educação, saúde, bem estar e até mesmo segurança.
Como entender por que tanto ministério poderoso não deixa a sua marca onde chega? Eu nunca fui atendido no "Hospital público da Igreja Universal do Reino de Deus". Nunca vi em minha cidade natal, o filho de um crente ter feito o ensino fundamental inteiro no " Colégio Assembleano de Feira de Santana" (Será que em quase um século de Assembleia de Deus em Feira de Santana, as únicas realizações sociais foram o Desafio Jovem e o Orfanato Evangélico"? Por que ninguém nunca ouve falar de um empreendimento social de grande porte da Igreja Universal? Por que, em vez de catedrais ou templos de Salomão, não se constroem obras nas quais os fiéis digam: "meu dízimo está sendo bem empregado"?).
Por falar nisso, você que é crente hoje, já se perguntou se o seu dízimo está sendo bem empregado? Ou você é daqueles que só sabem dizer "amém" para todo relatório financeiro, no qual nunca teve voz ou voto para sugerir uma despesa? Ou você é daqueles que só dizem: "eu faço a minha parte para Deus, os homens de Deus vão dar conta de suas ações. Vou seguir contribuindo, porque esse dinheiro é bem empregado".
Sinto muito em lhe dizer, mas você deveria ser um crente mais político, a começar pela "política econômica" da sua própria igreja.
Você deveria ser um crente menos alienado. Certamente, deveria pelo menos imaginar que Deus não se contenta com todas as decisões políticas e financeiras tomadas pelos ministérios, à revelia dos crentes.
Este projeto continua...

Como fazer cristianismo social na igreja - parte 1

Não tenho condições, principalmente teológicas, para me tornar um dirigente de igreja, ou, como desgastadamente se diz, um pastor. Faltam-me os atributos necessários: vida de oração, jejum, dom da palavra falada, certa imparcialidade, autonomia em relação a esse monte de lideranças e outros.
Mas se um dia me sentisse preparado para erguer um templo, teria que ser diferente.
Eis um projeto de igreja, e não ficarei ofendido se qualquer pastor de rebanho atual me plagiasse (os senhores podem ficar despreocupados).
O nome da igreja seria alguma coisa como "Igreja Evangélica do Cristianismo Social", ou poderia ser outro que fosse mais fácil de memorizar, até mesmo um nome menos político ou menos redundante. Seria mantida da mesma forma como as outras são: exclusivamente por voluntários contribuintes.
Porém, não seriam igual ao sistema  que hoje existe. Em primeiro lugar, não cobraria dízimos, ficaria apenas com ofertas do valor que os irmãos se sentissem à vontade para dar.  Se o dirigente ou algum  algum obreiro viesse a ganhar algum tipo de salário, isso seria primeiramente levado ao Conselho Superior. Quem seriam os membros desse Conselho? Todos os membros da igreja, que fossem pelo menos batizados.
Esses membros teriam voz e voto, jamais serviriam apenas para dizer " amém" para as decisões de um pastor ditador (como geralmente acontece na minha atual congregação). Jamais seriam como os membros de seitas neo pentecostais, que sequer dizem amém: uma panelinha recolhe o dinheiro e dita o destino dele.
Sei que não ficaria imune às imperfeições, pois não existe uma igreja só no mundo que não tenha defeitos. Minha preocupação maior, enquanto dirigente, não era provar perfeição, mas provar ser possível ser uma igreja mais solidária do que os modelos que hoje existem.
A Igreja do Cristianismo Social teria que fazer ações de filantropia pelo menos uma vez por mês. Mas não mandando recursos para obras distantes (sei que elas precisam, reconheço), e sim gastando tempo e dinheiro na obra por ser feita no entorno da própria congregação. Somente depois disso, a gente iria pensar em expandir as políticas.
Continuarei a descrever este projeto na próxima postagem.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Já não sei

Já não sei ser o que sou
Se é que eu entendo o que seja
Ser o que se deseja
Com a fé no grande Eu Sou

Ultimamente, a igreja
Tem mais me constrangido
Do que me ajudado na peleja
Desse mundo iludido

Quis explicar para você
Porque os ministérios todos
Não valem a fé no Cristo
Que a pessoa tem que ter

Já não sei se ser crente

O restante do poema está no meu livro: Meu Canto de Raiva e Outros Poemas

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Tenho vontade de me calar

Tenho vontade de me calar
Sinto que, apesar de inofensivo,
Por vezes, me meto a incisivo
E querem me ver parar.
Hoje a moda é dizer pouco
Para ser bem entendido.
Ser taquilalico é um sufoco
Pois me passo por extrovertido.
Na verdade, esta minha timidez
Fez sequelas na adolescência.
Hoje me sinto com a intrepidez
De uma pessoa com demência.

Isso parece ser ruim hoje
O fato de tentar ser sincero
Sincero até onde não  foge
A noção de um decoro mero.



O restante do poema está no meu livro: Meu Canto de Raiva e Outros Poemas

domingo, 1 de novembro de 2015

Este poema é pra você

Este poema é pra você
Você que tem nome
Que zomba dos outros
Eu fiz estes versos 
Depois que fui zombado
Justamente por você
Você que é o inverso
Não ama, protesta
Não gosta de ser insultada
E sempre quer insultar
Como se pimenta no dos outros
Fosse o puro refresco
Fiz este poema pra você
Que diz sempre entender


O restante do poema está no meu livro: Meu Canto de Raiva e Outros Poemas

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Pra não dizer que não falei de família

(Não serve como versão para a canção do Geraldo Vandré)
Caminhando e criando os filhos de então
Somos todos iguais, se parentes ou não
Na fartura, carência, pedidos e negativas
Aprendendo e ensinando
Às vezes esquecendo a lição
Vem família agora
Que esperar por um agir
Não vai poder acontecer
Quem sabe passa a hora
Só a morte  pra dizer
Vem família agora
Se o tempo for dizer
Uma mão contida agora
Passa a ser coisa normal
Há pessoas armadas
Parentes ou não
Nós estamos na escola
Estudando o amanhã
Mas esquecer que o hoje pede união
Não faz bem para a alma
E nem pro coração
Vem família agora
Que esperar por um agir
Não vai poder acontecer
Quem sabe passa a hora
Só a morte  pra dizer

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Angústia digital

Não vale à pena ser produtivo em postagens, se as pessoas não curtirem. Os “likes” do Facebook parecem ter mais a dizer do que já dizem. Uma mulher “novinha” arrasta mais seguidores do que um qualquer imbuído de boas intenções intelectuais. Um senhor de meia idade passa sem ser notado pela multidão. Estamos vivendo a crise do ser visto digitalmente?
Cria-se em alguns a necessidade de se tornarem cronistas de suas próprias vidas pessoais: a cadela mirim precisa ser fotografada o máximo de vezes possível, para revelar uma felicidade ao lado dos animais. A jovem que ingressa numa faculdade privada de nutrição (por que agora todo mundo resolveu cursar nutrição na face da terra?) sente tamanha necessidade de mostrar para os outros suas fotos ao lado de uma turma feminina toda feliz. O pau de selfie coletivo é um serviço de utilidade pública para quem? As pessoas querem nos fazer acreditar que a felicidade posada no Facebook é felicidade. Será? Então, se nada do que se fez no final de semana for postado (do passeio no rio Carinhanha/São Francisco à ida a Cabuçu/Bom Jesus dos Pobres, valerá alguma coisa?
Em um tempo em que vale mais o que está fotografado, o registro escrito fica aparecendo como somente acessório. As palavras perdem a força envolvidas muitas vezes na besteirada cotidiana de todas as postagens. Uma mulher postando os seios ou a bunda terá repercussão instantânea. Um filósofo postando um ensaio terá repercussão nos redutos. Há um gueto digital para determinado aspecto cultural e um motor de multiplicar seguidores para outras modalidades culturais, consideradas pelo povo digital como “populares”.
Os grupos de whatsapp sentem cada vez mais a necessidade de multiplicar o esdrúxulo, o meme mais recente que expõe a presidente da república ao ridículo, o áudio do peido mais engraçado, a literatura que se consegue ler em poucas palavras. Linchar socialmente o Lula (que foi eleito como o nosso último demônio político) ou o Marco Feliciano (que deveria escolher de vez se quer o púlpito ou o congresso) virou uma prática da mais pura expressão da opinião.
Consegue-se mobilizar uma multidão pelas redes sociais, a fim de ir às ruas protestar contra o governo do PT e os males do Brasil. Acho que isso é um dos melhores ganhos dessa tecnologia. A ressonância das lutas sociais tem seu lado maravilhoso. Fico torcendo para que essa artéria revolucionária do povo digital cada vez mais cresça e faça com que os serviços públicos essenciais sejam tornados de excelência. Fico torcendo para que essa artéria esteja associada a um coração verdadeiramente social.
A minha oração agora é para que eu encare esses novos produtos sociais com um preconceito bastante pacífico. Que eu não me amgustie quando postar uma coisa que merecesse ser valorizada pela massa, mas que não foi. Sim. Porque está me parecendo que as pessoas só estão buscando ser notadas, a qualquer custo possível.
O jejum do século 21 deverá mudar: as pessoas serão convocadas cada vez mais a se abster da vida digital, por pelo menos horas ou dias, a fim de que se desangustiem um pouco e percebam que existe a vida fora do smartphone.

domingo, 2 de agosto de 2015

Os blogs são somente infoprodutos?

Fala-se tanto em ganhar dinheiro com blogs que já não estou quase mais sabendo se realmente vale a pena blogar. Fala-se tanto em que precisamos nos tornar empreendedores digitais, como se única finalidade última de um blog fosse rentabilizar. Brinquei certa vez com um blogueiro profissional questionando o porquê dos blogs necessitarem de salvação (claro que entendi o ponto de vista dele). Enfim, devemos tanto criar Ebooks e outros "infoprodutos" que daqui a um tempo as bibliotecas todas não farão mais sentido algum.

Não sou contrário a blogueiro algum que crie seu conteúdo e ponha à venda os seus produtos digitais. Pelo contrário, escrevo estas linhas tomando todo o cuidado para não dar um tiro no pé. Digo mais: qualquer um pode perceber que meus blogs estão de certa forma inseridos nesse mesmo contexto, que é esse dilema entre escrever o que se gosta de escrever e escrever o que possa se tornar "comercial".
O que as vezes me assusta um pouco é toda essa "corrida pelo ouro", toda essa corrente da prosperidade que tem se criado em torno dos negócios digitais envolvendo os blogs. Essa grande tendência em somente ser priorizado o que tenha apelo comercial, independente de ser blog ou outro canal (YouTube, Facebook, etc).

Não quero dar uma de filósofo, mas nessa minha busca pessoal para entender certas coisas, tenho buscado listar o que considero ser algumas explicações para o fenômeno:

1. Crise no Brasil e expansão do acesso à Internet

Produzir um conteúdo, ganhar dinheiro com Adsense (que rende em dollar) e tantos outros afiliados é muito bom, ainda mais no atual contexto paradoxal brasileiro,  em que o desemprego tem aumentado, mas ao mesmo tempo tem aumentado o acesso à Internet de qualidade (a partir de um megabips).

De fato, há dois lados bons neste cenário: o primeiro é plantar uma semente na crise para colher um bom fruto quando ela passar (ou ficar "controlada"). O segundo é que quanto mais a Internet melhora em termos de acesso universal, mais mercado de trabalho terá para os blogueiros.

2. Escrever para ganhar

Minha impressão geral é que cresce a cada dia o número de blogueiros que só tocam um projeto se ele for viável economicamente. Faz-se um blog meio experimental sobre um nicho promissor, devidamente planejado, contrata-se os vários redatores freelancer disponíveis, gasta-se um montante com a base (domínio, hospedagem, etc) e pronto, vamos ver no que dá.

É por isso que há tanto blog utilitário dando certo. Por isso que toda pessoa que gosta de blogar (nome novo para a palavra "escrever" na internet) deve tocar menos os seus projetos de fruição literária, e mais os de enfoque utilitário. Este seria o meu terceiro tópico...

3. Cultura do "seja útil"

Como disse antes, além da vontade suprema de blogar para ganhar dinheiro, há toda uma cultura do ser útil. Se vai fazer um blog, faça um que possa ajudar as pessoas a resolverem seus problemas, seja pragmático.

Por isso é rica a gama de blogs que produzem conteúdos que se tornem aplicáveis à minha e à sua realidade: curso de inglês, curso de blogspot, curso de WordPress, curso de rádio técnico, curso de mandarim, como saber fazer, como buscar o sucesso nisso ou naquilo, auto ajuda, entre milhares de outras propostas.

Na internet, parece não sobrar tempo para a fruição, a não ser que seja para um filme ou vídeo musical. Os blogs não focam em fruição alguma (artística, literária, emotiva, enfim, chame do que quiser), o visitante precisa retirar algo de útil para resolver os seus problemas, pois foi para isso que ele acessou seu blog através do Google.

Para encerrar e ser breve, reafirmo que meu propósito não é lançar juízo de valor sobre esse cenário todo, mas somente o de pensá-lo. Vejo que, se estes são os nossos caminhos possíveis, a boa notícia é que há muitas vagas de trabalho disponíveis, para empreendedores cheios de boas ideias. Este mercado está aberto e somente precisa de interessados (em entregar bons infoprodutos e merecer ganhar dinheiro).

Quem vai julgar esse mercado é o próprio mercado. Ele é a grande peneira.

domingo, 26 de julho de 2015

Vivemos numa era

Vivemos numa era
Em que as pessoas acreditam
Estar inventando novas formas de amar
Por meio dos seus facebooks maravilhosos
E das suas novas ilusões de amizade.
Os carros e celulares são lançados a cada temporada,
A gente abandona o caderno com caneta
E se adapta à nova forma Tecnológica de pensar,
A gente abandona a bicicleta
E se adapta à nova maneira de correr.
A gente ganha, de certa forma,
Até um certo dinheiro
Pra gastar talvez mais
No próximo entroncamento da felicidade,
Esse que não passa por Feira de Santana,
Nem por outra cidade...

Vivemos numa era
Em que as pessoas precisam


O restante do poema está no meu livro: Meu Canto de Raiva e Outros Poemas

Tenho as preocupações

Tenho as preocupações normais de um brasileiro normal,
E elas são independentes do fato de atravessarmos uma crise.
Com a desculpa de que um sorriso no rosto
Ameniza uma ruga, evita um AVC, ou simplesmente faz bem,
Procuro levar a vida.
E uns dizem ser a vida que os leva,
Eu prefiro botar a culpa em mim mesmo
E acreditar que o que faço hoje
Terá relação com o que vou passar daqui a alguns anos, ou dias:
Guardadas as proporções, a gente segue,
Já na terra,
A mesma lei da vida,
Explicada, em palavras mais figuradas,
Por João de Patmos,
Quando referia-se ao Juízo Final...

O restante do poema está no meu livro: Meu Canto de Raiva e Outros Poemas

sábado, 25 de julho de 2015

Ser político, ser pastor, ter bom salário e o sacerdócio

Em uma cidade brasileira, os vereadores estavam prestes a votar um gordo reajuste de salário. A notícia caiu na boca do povo pelas redes sociais e todos foram participar da sessão parlamentar, para protestar. O resultado foi aquele que acontece toda vez que o povo se dá conta do poder que tem nas mãos: os vereadores mudaram de ideia e seguiram o caminho inverso: aprovaram a redução salarial para a próxima gestão, passando a receber um salário irrisório, para que fique claro que a motivação do cargo não é o dinheiro.

Claro está que ninguém é burro ao ponto de achar que essa situação vai ficar desse jeito. Obviamente, os próprios parlamentares irão reverter esse quadro, talvez ainda neste ano (porque muito irão ser reeleitos). O fato é que a política é um sacerdócio bonito, mas faça uma pesquisa para saber quantos estão ali simplesmente por amor a uma causa, ou por amor à nação? Sou levado a julgar que 90 por cento deles investiram na campanha porque um mandato rende diversos tipos de lucros.

Também não quero ser hipócrita para dizer que não gostaria de ter um mandato para ganhar bem. Digo até mais: se esse monte de vereador, deputado e senador tivesse uma redução do salário em 50 por cento, ainda assim, choveriam candidatos, porque continuariam recebendo um ótimo salário, bem acima do que o mercado paga. Se bobear, bem acima do que mereciam - alguns deles.

De certa forma, também fiquei feliz ao tomar conhecimento da notícia de que um ex- pastor evangélico perdeu uma causa trabalhista, porque a Justiça considerou que a função de pastor não é daquele tipo que se caracteriza como um trabalho,  do ponto de vista capitalista. Ser pastor é uma vocação, um chamado de Deus, argumentou o julgador. Até aí eu concordo.


O problema é que as igrejas estão se comportando como empresas há muito tempo. Veja o relato desse ex- pastor da Iurd abaixo,   que você compreenderá o que estou tentando dizer.






Também não adianta ser hipócrita aqui, porque um pastor, mesmo sendo pastor ("profissão" tão desgastada), precisa sobreviver, do mesmo jeito que eu e você fazemos: pagando dívidas,  comendo, bebendo, comprando, etc.

Mas o que determinados tipos de igrejas fazem hoje extrapola qualquer sentimento de justiça. Me diga se é justo uma igreja estabelecer cota de arrecadação para não "demitir" um pastor? Me diga se é justo uma igreja forçar sempre o mesmo estilo de pregação voltado sempre ao "dar, dar, para receber"? Será que O Eterno é esse tipo de "negociante" que eles dizem ser? Não estou acusando a igreja A, B ou C, porque não existe igreja perfeita. Quero apenas tentar colocar uma dose de bom senso na bagaça que acontece em determinados locais.

Acho que cairia muito bem outra coisa: uma dose forte de sinceridade em pastores e políticos. Imagine se chegasse um tempo em que um pastor da Prosperidade dissesse com mais frequência isto: "meus queridos irmãos e irmãs, nós cobramos dízimos e ofertas com toda essa regularidade e ênfase porque a nossa igreja hoje atingiu um patamar tão gigantesco, que precisamos continuar a manter nosso status quo megalomaníaco. Não estamos lá tão interessados em ajudar as igrejas mais fracas, muito menos em destinar pelo menos metade da nossa renda diária para obras verdadeiramente sociais. O nosso interesse em pedir e pedir e pedir é manter o salário dos nossos pastores, patrocinar as despesas dos nossos conglomerados de rádio, TV e outras empresas, fazer investimentos importantes e rentáveis, entre outras iniciativas 'estão na direção de Deus".

Ou então imagine um candidato, bem na hora da propaganda eleitoral, dizer claramente: "meus queridos, venho pedir o seu voto para chegar lá e discutir projetos que já tenho, além de poder lutar por mais justiça social, empregos, melhores condições de vida e outras ações importantes. Mas também não nego que o cargo de vereador/senador/deputado/prefeito/governador/presidente sempre me atraiu, por causa da dimensão social ou projeção que ele pode me proporcionar e, lógico, por causa do bom salário ofertado. Portanto, me ajudem a chegar lá, porque de uma forma ou de outra, vocês terão que eleger alguém. E por que não eu, que tenho projetos?"

Inclusive até eu, se um dia me candidatar, quero pedir a Deus para ter essa coragem...

quinta-feira, 23 de julho de 2015

O lugar do homem velho nesta sociedade

Qual será o lugar do idoso na sociedade? Qual será o lugar dos pais que pensam poder ocupar a casa dos filhos, depois que estes crescem, ou se casam, ou vão morar sozinhos?  As vezes me sinto convencido de que falta, enquanto filhos, demonstrarmos o devido amor para os nossos pais. Não se trata de beijinho, presente ou abraço, que confesso nunca ter me importado com isso, mas de um apoio prático nos pequenos detalhes da vida. 

Já disse outras vezes que espero em Deus não precisar de apoio dos filhos na melhor idade, porque - a partir do que percebo hoje - cada vez mais as gerações novas não têm e nem terão paciência com a melhor idade. 

Temos dois destinos certos na vida: ou envelheceremos ou morreremos antes de envelhecer. Mas costumamos ignorar sempre toda essa parte do futuro, como se fizéssemos questão de não ter consciência disso. E aí, num belo futuro em que a hora da morte chega ou a da velhice, a gente se dá conta de poderia ter sido diferente a nossa vida passada. 

Por isso que sempre será complicado afirmar categoricamente que dessa comida eu nunca comerei e dessa água nunca beberei... 

Talvez exista mesmo em cada pessoa uma espécie de "efeito bumerangue" comandando nossas atitudes: o que você faz hoje com o seu próximo,  seja algo de bom ou de ruim, certamente um dia retornará para você. Ou, por outros termos: que as palavras que pronunciamos hoje não sejam utilizadas contra nós mesmos lá na frente... 


terça-feira, 21 de julho de 2015

Canção do exílio em Carinhanha

Há noites e dias de muita ventania em Carinhanha.
Mas no geral a sensação
É de que existe um verão perfeito
Ao longo de todo o ano,
E de que vai demorar tanto a chover,
Que o melhor a fazer 
é não contar com a chuva,
Ou decretar situação de emergência
No coração ansioso...

Ora direis: isso são pensamentos 
De quem está acostumado com as aves que gorgeiavam na cidade natal. 

Pode até ser...

Aqui pode ter mais aves,




O restante do poema está no meu livro: Meu Canto de Raiva e Outros Poemas

domingo, 19 de julho de 2015

Angústias religiosas

Este é mais um daqueles textos que poucos vão ler, por conta da nossa tendência moderna de não lermos mais nada que ultrapassa as 300 palavras. Mas eu estou pouco me importando se vou ser lido daqui a um mês, daqui a um dia, ou daqui a um século por alguma alma abnegada de tempo, para desfrutar de uma simples opinião escrita numa madrugada insone.

Na verdade, tem muito blogueiro hoje que já não escreve sem pensar no padrão "Google" de ganhar audiência (eu sei que dinheiro é importante, mas também é importante o não ter dinheiro, uma vez que dinheiro não é tudo). Estou dentro do Google, porque o Blogger é um "terreno" dele e deveria seguir a tendência. Mas já que me está sendo dada a palavra escrita, vou pedir licença para não pensar numa linha de SEO para blogar.

Não era para eu ter iniciado desse jeito um artigo que não tem nada a ver com blogar. Quero falar de religião ocidental de matriz chamada cristã (não sei se a expressão existe,  mas é que hoje é preciso ser politicamente correto até para falar de religião, já que ela também está dentro do relativismo...).

Não nego que nos últimos meses venho sentindo abalos em minhas convicções religiosas. Com isso, não pretendo dizer que quero me afastar de Deus, muito pelo contrário. É que quanto mais eu tento aprender o mínimo que seja do chamado cristianismo ou do chamado judaísmo, ou das divergências existentes nessa seara, mais me vejo como um ignorante.

Ultimamente, até a palavra pregada pelo pastor da minha denominação não vem me satisfazendo. Não pretendo ser mais um desigrejado, mas considero salutar beber em outras fontes, sempre que possível.  Por não me sentir mais plenamente satisfeito em meu "ministério" sinto a necessidade de optar por uma linha de conduta, ao mesmo tempo em que sinto vontade de mudar de opinião, apesar das pressões externas, muitas vezes movidas por dogmas que se querem ser imutáveis (será que os são mesmo?). 

É até difícil de explicar, por isso não quero embromar. Por exemplo, a questão do batismo da maneira pentecostal, que há nove anos vinha sendo convencido a acreditar que é o único válido. No fundo, nunca me senti convicto de que iria acontecer comigo. Já chorei, já senti Deus "falar" comigo de alguma forma em momentos diferentes da vida, mas nunca me senti capaz de exercer esse dom de falar "em glossolalia", como os pentecostais genuínos falam (ainda que de uma maneira diferente da que é retratada em Atos 2). Dessa forma, na doutrina pentecostal, eu nunca fui batizado.

A coisa do chip, das marcas de produtos ou de coisas como encontrar em todas as notícias do mundo uma mensagem subliminar de alguma forma de dominação ou arquitetacao ligada ao apocalipse. Sinceramente, há tempos que discursos nessa linha não são digeridos por mim.

A doutrina dos dízimos e ofertas, outro dilema. Por que tanto se diz que "negar para Deus" é ter uma espécie de amor ao dinheiro ou ser avarento ao máximo? Por que em vez deles dizerem que existe a obrigação do dízimo para Deus (como se fosse Deus que vai administrar as verbas), eles não são mais claros, tipo assim: "irmãos, precisamos pagar isso é aquilo, precisamos garantir o salário do nosso pastor, precisamos mandar dinheiro para um missionário na roça e quitar o Ipva do carro da igreja, por isso precisamos pedir aos irmãos que dêem"? Ou seja, até que ponto a escritura bíblica não está mesmo sendo usada para justificar a manutenção de um status quo de um certo "costume financeiro"? Não estou afirmando que dinheiro faz mal para uma igreja, não estou dizendo que o dinheiro é dispensável para alguns de nós. Não estou dizendo que todos são gananciosos. Mas por que as "obras de Deus" na terra não mudam essa forma de lidar com dinheiro?  Será que é preciso pedir dinheiro a cada culto? Por que igrejas como aquelas similares à Universal e tantas outras não desaceleram um pouco esse tipo de doutrina?

Reconhecer que toda organização religiosa precisa se sustentar com verbas em multirão e reconhecer que alguns líderes dessas organizações precisam de sustento são uma coisa, não nego que as organizações precisam de capitalização. Mas insistir na tônica de "é preciso dar a Deus o que é de Deus" da forma como basicamente se percebe hoje, eu considero uma anomalia da religiosidade que se diz ser cristã. Eu considero uma aberração. Para que uma igreja precisa "bater meta"? Isso é coisa de "obra de Deus" ou empreendimento comercial? Por que não se multiplicam pastores que fundem igrejas que só peçam o mínimo para sobreviver? Por que Edir Macedo, RR Soares, José Wellington ou qualquer outro líder de "grandes rebanhos" (nem queria citar nomes para não acharem ser perseguição) precisam se tornar modelos de homens "empreededores"? Da forma como se entende ser empreendimento hoje, os cristãos precisam é de anti modelos...

A questão do cristianismo: será que nós, homens, inventamos um cristianismo do qual Jesus se envergonharia se estivesse hoje, corporeamente em nosso mundo? Parece que há uma compreensão latente de que Jesus veio para "acabar" com o judaísmo, como se o judaísmo estivesse em falha e se a solução para a salvação fosse o chamado cristianismo, que nem foi Jesus quem inventou... (Oh, meu Deus, que essa inquietação não seja reputada como rebeldia!).

Ademais, por que se prega tanto uma fé de resultados neste país? Por que esses que pregam resultados, que dizem que resultados requerem algo como o "sacrifício de isaque", rechaçam aqueles que desenvolvem um culto racional, mas efusivo no tocante aos dons de línguas "estranhas", aos "mantos de poder", ao gritar, saltar pular na unção? E rechaçam o viver ascético do homem na terra, o viver sem a sanha de virar empresário,  mas se contentar em ser empregado?

As liturgias de cultos de matriz cristã: senta, levanta, repete, bate palmas, canta, dança, sapateia são tão valorizados para uns e tão abominados para outros.

As mudanças de igreja ou, sendo mais claro, a "rotatividade denominacional" (também não sei se a expressão já foi cunhada): tenho um amigo pastor que dizia sobre alguns daqueles que trocavam de placa denominacional: "se fulano mudou de igreja com a desculpa de que o Deus é o mesmo, isso não é bem verdade: mudou porque o Deus era diferente". Se me perguntassem o que eu acharia no tempo em que pensava assim, eu também consideraria um erro mudar de igreja. Hoje já me considero mais flexível a este respeito. Tanto que sou capaz de dizer (se fosse pastor): "Meu amigo, se está investigando os aspectos e sente no coração de avaliar uma outra placa denominacional, vá em frente, pegue sua carteira de membro ou sua carta e vá lá. Se quiser voltar e ficar conosco bom, mas se não, continuaremos bons amigos". Eu gostaria que os pastores mudassem de atitudes quanto ao "perder" ou "ganhar" ovelhas. Essa metáfora das ovelhas  do pastor é poética,  muitas vezes soa destoante demais, por isso precisamos aceitar os fatos. É como se membro fosse gado, que precisasse ser guiado pelo berrante ou pelo grito do dono ou do cuidador. Devemos ser ovelhas e respeitar o pastor,  mas até aí. Ovelha não pode significar passividade, aceitação de tudo, só porque foi o pastor que está direcionando. Não é uma questão de rebeldia. É uma questão de simples bom senso.

Este é o pequeno resumo de algumas agonias religiosas pelas quais tenho passado. Sei que são somente o princípio de um processo e que não tem nada a ver com revolução dos costumes. Não estou querendo fundar nada, nem transformar uma experiência pessoal em mote para interromper o caminho dos outros.  Que Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Daniel na cova dos leões – versão cristã homônima (Legião Urbana)

Aquele mundo amargo onde eu vivia
Ficou p’ra trás, lá num passado triste
De amargo então, salgado ficou velho
Assim é o renovo que há em Cristo

Fez casa no meu corpo,
E ainda leve, manso, fardo santo,
Por saber
Que tudo o que façamos, ainda é pouco

Jesus Cristo é meu segredo revelado
E desafio o instinto dissonante
Que a insegurança nos atrai botando medo
Só que o momento agora vale todo o instante

E o meu medo de ter medo de ter medo
Já não me atormenta como antes
Meu corpo é santo templo do Espírito
E eu sei que essa correnteza já tem direção...

Mas tão certo como 1+1 é sempre só dois
Eu estou pronto p’ro que venha
E o mal que atormenta este mundo aqui
Só vai durar por pouco tempo
Tem futuro não...

terça-feira, 14 de julho de 2015

Não dê a descarga, após usar

Há anos que sofro com um dilema e tanto: dar ou não dar a descarga? Eis a questão. Não são raras as vezes em que tomo um grande pito da minha "patroa" ou indiretas em outros ambientes sociais por causa disso (porque as pessoas nunca querem ser mais sujas do que as outras, uma vez que fazemos parte da cultura do que é limpo, pelo menos na aparência).

O fato é que todas as donas de casas do mundo parecem obrigar os habitantes dos banheiros a dar a descarga todas as vezes que o vaso sanitário for usado. Eu considero isso um ultraje e tanto! Fico revoltado quando uma pessoa vai ao banheiro e, apesar de não ter deixado lá sequer 20 ml de urina, se sente na obrigação imposta pela sociedade - ou acha isso uma coisa justíssima - de despejar 15 a 20 litros de água para não deixar odor no recinto. Por que as fabricantes de produtos de limpeza não encontram logo uma solução para combater esse péssimo hábito social??!!?? Porque eu tenho sido completamente infeliz na educação dos meus filhos, quando lhes digo que isso é um suicídio lento da raça humana???!!!?

Não é de hoje que considero o vaso sanitário um dos maiores inimigos da economia de água no mundo. Sei que soluções menos gastadoras estão no surgindo, mas no Brasil a grande realidade que se vê é aquele tradicional vaso sanitário com descarga cheia que precisa ser utilizada toda vez que uma pessoa dê uma simples mijada.

Falar de mijo e bosta não atrai a ninguém, porque infelizmente somos pudicos para alguns assuntos. Ninguém escreve sobre arrotos, peidos, cagadas (pelo menos as literais) e mijadas da vida. Ninguém quer ficar do lado dos que pensam diferente, porque vai acusar isso de "imundície". Por exemplo, ninguém parece ficar do lado de quem pensa ser o banho uma tarefa básica da vida que não precisa levar meia hora ou mais para acontecer todos os dias - ou até mesmo várias vezes por dia! Qual a necessidade de um homem que é homem passar meia hora no banheiro com o pretexto de estar tomando banho?

Aquela simulação do casal gastador de água do Fantástico (exibida no domingo dia 12/07/2015) só assustou (revoltou/causou comoção) aos transeuntes porque há meses foi dado o sinal vermelho sobre a carência de água em alguns Estados do Brasil. Queria ter visto aquela mesma cena em um outro contexto. Eu, por exemplo, que moro há poucos metros de um "pedaço" do Rio São Francisco, ainda não vi ninguém se alarmar por causa de uma mangueirinha boba gastadeira, ou por causa de um vaso sanitário que precisa ser desinfetado a cada mijada boba de 15 ml...

Com isso, não quero dizer que sou totalmente contrário ao limpar o vaso sanitário a cada micção, pois reconheço que a urina humana tem o incrível dom de deixar o ambiente pessimamente odorizado. Na verdade, eu vivo torcendo é para que algum empresário ou inventor acabe com essa lógica do gastar de água e crie alguma tecnologia capaz de combater isso. Agora, no tocante aos dejetos humanos sólidos (as nossas fezes), essas aí ainda precisarão mesmo contar com a boa e velha descarga de água, pois não tem jeito para elas.

Acho que depois de bosta de gato e de cachorro, a de gente é a pior coisa que existe na face da terra. Tenho um gatinho jovem que ainda vai me matar de ódio, porque vez por outra ele costuma fazer os seus serviços sujos pela casa. Mas entre limpar bosta de gente e limpar a de um gato, eu fico com a deste último.

Meu dilema não está resolvido simplesmente por conta deste desabafo. Sei que - enquanto água com relativa fartura houver no mundo - ainda terei que me debater todas as vezes em que for ao banheiro realizar a mais elementar das tarefas fisiológicas humanas (depois de comer e beber, é claro). Ou todas as vezes que levar um pito educado ou descomposto de alguém por ter "esquecido" de dar a descarga.

Só quero dizer às pessoas que eu, talvez safadamente, nunca me esqueço de dar a descarga quando vou ao banheiro. Tudo o que eu faço ali dentro é proposital. É onde eu exerço o meu inútil gesto de protesto, totalmente incompreendido pelo mundo...

Por isso que meu lema é: "não dê a descarga após urinar. Espere alguma bosta chegar".

E, cedo ou tarde, ela vem.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Poema de fé para dizer Bom Dia

Embora seja homem de fé,
Muitas vezes me esqueço
Do quanto Deus está presente
Em minha vida:
Seja no livramento do perigo de todo dia,
Seja nas bênçãos de provisão em geral, e na saúde (até na taquilalia),
Seja no intelectualismo egoísta de nossa espécie,
Seja na nossa ilusão de nos acharmos autossuficientes.
Até mesmo naqueles dias (como ontem), em que mais de um pedinte chega até você,
E pede
E você escolhe o pouco que tem no bolso
E dá,
Sem querer muito saber
Se ele vai usar droga, tomar cachaça
Ou, de fato, se alimentar mesmo (como se comida fosse a única prioridade de um pedinte).
Eu sinto que Deus está presente,
Me desculpem os ateus,
Me desculpem os revoltados,
Me desculpem os multiculturais de hoje em dia,
Que preferem se resguardar no direito de respeitar a tudo que é humano.
Aliás, eu sinto Deus até nisso.
Este foi só um poema pra dizer a todos: bom dia!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Infinity Line até tenta, mas não consegue atrair "investidores"

As pessoas estão tão traumatizadas com as propostas que aparecem de redes marketing multinível/pirâmides/outras espécias de rede de doadores sem produtos materiais para vender, que chegaram ao ponto de não suportar sequer ouvir falar sobre o assunto. Quando alguém chega para você e lhe oferece esse tipo de produto, você ouve mais por educação do que por interesse em ganhar dinheiro. 

Foi o que aconteceu comigo há uns seis meses, ao ouvir a proposta Infinity Line pela boca de um familiar. E aconteceu novamente, meses depois, ao ser convidado para entrar por um amigo - o que acabei fazendo.

Como na Infinity o risco de calote é praticamente mínimo, resolvi comprar um "passe", menos por interesse do que simplesmente para observar por pouco tempo o "ambiente". Fiz o cadastro, paguei (não há um gestor do nosso dinheiro, pois quem recebe é diretamente o participante) e coloquei até uma pessoa dentro do prazo correto.

Mas faltaram duas outras para "tocar" o projeto, que exige inicialmente a adesão de três pessoas. E, embora tenha oferecido meio timidamente a algumas pessoas, recebi em troca uma bela paga: a indiferença generalizada. 

O único "risco de capital" da Infinity Line é de R$ 20,00, valor que não empobrece ninguém. O resto você só irá investir se o dinheiro entrar. Por isso que o projeto é inofensivo e atraente até. 

Mas ele não "pegou". Vi o depoimento de um casal que foi até incentivador. Vi os vídeos sobre como funciona o esquema e os prazos que precisam ser seguidos pelos participantes. Mas no fundo eu nunca comprei essa ideia. E os dez primeiros dias se passaram em brancas nuvens.

Encerro este pequeno artigo, transcrevendo a forma de funcionamento do Infinity Line. Depois, cada um faça a sua escolha e tenha sucesso (espeço que tenha!):

O valor da DOAÇÃO é mínimo é de R$ 20,00 uma ÚNICA vez, os demais valores são oriundos do próprio projeto. 

É um sistema inteligente de incentivo a DOAÇÃO ESPONTÂNEA, com o objetivo de distribuir renda entre seus participantes. Não é uma empresa de MMN e não possui CNPJ. 

O fechamento dos níveis é rápido, apenas 4 níveis na fase 1 e 3 níveis na fase 2 e 1 nível na fase 3. Você precisa apenas doar R$20,00 para 1 pessoa da equipe indicada pelo sistema e cadastrar apenas 3 pessoas no seu link na primeira fase. 

Depois você recebe doações de: 3 pessoas da equipe, 9 pessoas da equipe, 27 pessoas da equipe, 81 pessoas da equipe. 

Querendo turbinar seus ganhos você poderá participar também da fase 2 simultaneamente com a fase 1. 

Se você já tiver no mínimo 3 pessoas cadastradas, acesse seu backoffice e clique em doar agora e na linha em branco digite santana e sera convidado a fazer uma doação de 200,00 para uma pessoa do sistema. Veja os ganhos abaixo com sua doação.

COMO FUNCIONA A 1ª FASE

1º NÍVEL: Você doa R$ 20,00 - Recebe 3 de R$20,00 = R$ 60,00 e reserva R$ 40,00 para o 2º NÍVEL, sobram líquido R$20,00.
2º NÍVEL: Você doa R$ 40,00 - Recebe 9 de R$40,00 = R$ 360,00 e reserva R$ 160,00 para o 3º NÍVEL, sobram líquido R$200,00.
3º NÍVEL: Você doa R$ 160,00 – Recebe 27 de R$160,00 = R$ 4.320,00 e reserva R$ 1.320,00 para o 4º NÍVEL, sobram líquido R$3.000,00
4º NÍVEL: Você doa R$ 1.320,00 – Recebe 81 de R$1.320,00 = R$ 106.920,00 e reserva R$200,00 para a 2° fase, sobram líquido R$106.720,00.


TOTAL DE GANHOS 1ª FASE   R$111.660,00


COMO FUNCIONA A 2ª FASE

1º NÍVEL: Você doa R$ 200,00 - Recebe 3 de R$200,00 = R$ 600,00 e reserva R$ 400,00 para o 2º NÍVEL, sobram líquido R$200,00.

2º NÍVEL: Você doa R$ 400,00 – Recebe 9 de R$400,00 = R$ 3.600,00 e reserva R$ 1.600,00 para o 3º NÍVEL, sobram líquido R$2.000,00.
3º NÍVEL: Você doa R$ 1.600,00 – Recebe 27 de R$1.600,00 = R$ 43.200,00 e reserva R$ 10.000,00 para 3°fase e sobram líquido R$30.200,00

COMO FUNCIONA A 3ª FASE

Você doa R$ 10.000,00 - Recebe 27 de R$10.000,00 = R$ 270.000,00


TOTAL DE GANHOS 1ª, 2ª e 3ª FASE  R$111.660,00

Neste momento seu link é excluído do sistema, mas nada impede que você se cadastre novamente.


quarta-feira, 27 de maio de 2015

O WhatsApp é inimigo da concentração

Já desisti há muito tempo de querer acompanhar as mensagens dos meus grupos “preferidos” no WhatsApp. E olha que tenho poucos, muito poucos: um da família, outro de colegas do trabalho e, atualmente, mais um, sobre um tema que considerei interessante para mim, mas que já estou quase saindo fora, por não conseguir acompanhar a nuvem gigantesca de mensagens que chegam em uma velocidade que é para mim é maior que a da luz! Tenho recebido propostas para ingressar em pelo menos mais três grupos. Porém, acontece que cada vez mais venho me sentindo tentado a não cair nessa tentação. 
Como essa rede social é relativamente nova, tenho experiência de já ter tentado entrar em grupos de interesse por mais de uma vez. Tudo isso graças a uma outra praga do mundo moderno, inimiga da minha concentração, chamada Facebook. Uma vez, irritado com o uso excessivo que meus filhos faziam da rede de Zuckerberg, apelidei o dito cujo de “diabo disfarçado de azul”. 
Pois bem, é não é que esse diabo travestido de azul está se tornando um divulgador de “produtores de grupos” no diabinho travestido de verde (WhatsApp)? Essas pessoas conseguem rapidamente ver suas criações grupais viralizadas ao máximo, fruto da explosão de consumo dos smartphones e tablets que está acontecendo hoje - algo graças a Deus até democrático, pois não está mais tão vinculado ao nível socioeconômico das pessoas. Assim, só se vê aparecendo grupos de vendas de celulares, de vendas de bugigangas eletrônicas, de vendas de carros e motos, grupos de teologia, grupos de gramática (todo mundo querendo corrigir os “erros” dos outros), grupos de filosofia (todo mundo querendo “elevar o nível das conversas”), grupos de membros de igrejas, ex-colegas de escolas, etc, etc. Ainda não vi grupo de oração no WhatsApp, mas devem existir, e eu torço para que orem pela própria ferramenta.
Ano passado entrei para um grupo sobre o concurso de que estava participando.  Foi grande a minha própria decepção, porque passei da empolgação de estar “antenado” com o que rolava na cabeça dos colegas candidatos, para um sentimento de tédio. Por isso que digo: o WhatsApp é um sério candidato a ser meu inimigo da concentração.
Mas para encerrar sendo paradoxal, não posso negar que o “zap” também é “amigo da concentração”. Não a concentração pessoal, essa do nosso egoísmo para cumprir nossas metas, mas aquela que junta um monte de gente mais ou menos com propósitos comuns e acaba agregando algum valor às nossas vidas. Saímos um pouco das nossas ilhas com essas redes. E não existe nada mais belo do que gente conversando com gente, gente se entendendo com gente, gente se aproximando – na paz – de gente...

O texto está corrigido, mas foi primeiramente publicado no blog Oeste Alerta: http://www.oestealerta.com.br/2015/05/o-whatsapp-e-inimigo-da-concentracao.html


domingo, 19 de abril de 2015

O lugar do idoso

Tenho uma nova vizinha na melhor idade, que vive atualmente só. É uma simpatia para com a minha filha mais nova, é uma ex-professora, que até se interessou por fazer uma tabuada para ela e ensinar matemática, nos moldes que ela conhece:nada de calculadora ou celular.   O filho dessa senhora morreu há três anos de um câncer agressivo, a outra filha mora em outra cidade.  Não sei descrever a sensação de solidão, não sei o que se passa na cabeça dela. Julgo ser terrível a solidão...
Fomos para um passeio, um sítio de amigos novos, tinha muita gente de família, mas uma senhora era a diferença: a única pessoa na melhor idade da família. Ela estava passando pela mesma solidão, apesar de todo respeito dos netos e dos filhos.  Eu não saberia descrever o que se passava na cabeça dela. Seria a mesma solidão?
Felizes essas duas senhoras, pois pelo menos suas famílias ainda as acolhem (pelo menos do ponto de vista físico). Mas o lugar do idoso numa família tem sido uma coisa preocupante para mim.
Tenho dito que não esperarei reconhecimento de filhos quando eu chegar na melhor idade, nem de outras pessoas.  Hoje a sociedade somente dá valor ao valor que as pessoas pode gerar, durante a tal da vida produtiva.
O que será daquelas duas senhoras nos próximos anos das suas vidas?

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Coisa de passageiro

No universo de um ônibus coletivo é que você percebe o poder da solidão.  Cada um de nós, passageiros, exercendo o nosso atributo miserável de nossa própria individualidade,  da forma mais ou menos civilizada possível. Há ônibus em que o motorista ou o cobrador têm a sabedoria de ligar o som para ouvir músicas. Acho uma boa, independente do tipo de música, pois ela nos permite ter acesso a essa válvula de escape tão necessária hoje, para desfrutarmos o prazer de sentir algum tipo de epifania nesta selva urbana.
As pessoas com seus olhares, fazendo gestos de que nunca estiveram olhando umas para as outras;  os nossos gestos oriundos de uma educação metida a polidez; e nossas idiossincrasias presas entre as frestas, por onde conseguimos talvez respirar melhor...
Um ônibus chega ao ponto, abre-se a porta dos fundos, as pessoas descem, de repente a cobradora dá sinal para o motorista fechar o fundo, só que ainda tinha uma mulher descendo. A porta se fecha e a mulher fica com um braço preso entre as duas bandas da porta.  O motorista reabre o acesso,  a mulher desce calmamente,  mas aí ela se dirige à porta da frente e diz:
- Motorista, você é um pai no c...!!!!
E ela sai soltando mais descompostura, muito brava.
Isso é uma cena comum nesse cotidiano conturbado de pegar ônibus coletivo. No meio público,  aqueles que são dados à descompostura verbal soltam ainda mais os seus cachorros. Já outras, mais dadas à expressão passiva e mansa como eu, ponderam as coisas da vida, em pensamentos, em frases sintéticas sobre a condição humana ou mesmo em uma crônica como esta.
Para encerrar está conversa, acho que uma das palavras mais acertadas do português para se referir a nós que pegamos transporte coletivo é "passageiro". A gente pega a condução,  fica naquele aperto,  às vezes chega uma catarse pela música que toca, e pronto: tudo passa em minutos.  Era só uma coisa de passageiro.  Foi só uma coisa passageira...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Evolução tecnológica

Sou daqueles que ainda fica impressionado com a evolução tecnológica da vida do brasileiro médio. Há uma década e meia passada não tínhamos acesso a quase nada. Meu primeiro contato com o computador com internet se deu em 1997, mas somente consegui ter meu primeiro computador pessoal há quase cinco anos: lembro como se fosse ontem,  uma tarde quente do mês de maio de 2010, os correios vieram entregar a encomenda. Foi uma felicidade aquela aquisição do PC, que é de uma marca que poucos até hoje dão valor: um "Positivo Sim+", que foi comprado por três razões que na época me atraíram: o Hd de 750GB, a RAM de 4GB e o preço,  uma pechincha de quase mil reais. Até hoje a máquina prossegue em uso, e aviso que não tenho a menor pretensão de me desfazer dela.

De lá para cá, vieram mais um PC melhorado, um notebook,  um Tablet e uns smartphones.  Ou seja,  o que antes escasseava, hoje superabunda em opções.  Tem dias de encontrar-me indeciso sobre qual dispositivo usar. Diferentemente de muitos apocalípticos e até de integrados, com as máquinas acredito evoluir em produtividade: por exemplo, enquanto escrevia este artigo diretamente do App do Blogger no smartphone, pesquisei alguma coisa no Tablet e ainda estudei alguns assuntos no bom e velho caderno (essa tecnologia ainda maravilhosa). Tudo isso sem sair da cama.

Um dos lados ruins disso tudo é o fenômeno mais antigo do mundo, que com certeza não nasceu por causa da tecnologia,  e que atende pelo nome de vício. Contra ele, a estratégia que adoto é usar essas tecnologias para o que eu considere proveitoso para minha vida, e isso inclui fazer coisas do tipo:

- Fugir daquilo que não me convém, como por exemplo atacar as pessoas,  ou despejar nelas minha raiva íntima circunstancial;

- Buscar um entretenimento que não fira meus princípios morais e intelectuais (e isso inclui fugir das tentações);

- Perseguir o conhecimento salutar;

- Usar a tecnologia de uma maneira que permita prejudicar o mínimo possível o meu próximo; e

- Não me esquecer de que a vida real precede o virtual, e é a mais importante.

Um outro lado possivelmente ruim é que, em diversos momentos, é tamanha a dispersão de tarefas às quais me submeto a empreender,  que muitas vezes tenho dúvidas sérias se estaria emburrecendo ou aprendendo...