quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Burocracia e Tecnologia


"Uma frase que escutara por acaso, na rua, trouxe-me nova esperança de romper em definitivo com a vida. Ouvira de um homem triste que ser funcionário público era suicidar-se aos poucos.

Não me encontrava em condições de determinar qual a forma de suicídio que melhor me convinha: se lenta ou rápida. Por isso empreguei-me numa Secretaria de Estado".
O ex-mágico da taberna minhota, Murilo Rubião

Outro dia, ouvi de um colega que certos funcionários públicos são como "ninguém". Depois me lembrei do conto de Murilo Rubião, que conta as agruras de um homem, que antes de ser funcionário de uma "Secretaria de Estado", era mágico, mas teve os seus poderes aniquilados justamente por se tornar funcionário público, com aquela rotina, burocracia, tempo ocioso forçado, etc... O colega justificava sua opinião citando o casos dos servidores públicos que trabalham como técnicos em instituições de ensino superior. Segundo ele, ali existe uma hierarquia patente que divide categorias em "visíveis" e "invisíveis". 
Claro que combati essa tese absurda, por não encontrar sentido nela, mas sim uma ponta de, no mínimo, ressentimento ou, quem sabe, despeito e amargura relacionado a algo ou a alguém. Disse que dependia de cada um se sentir ou não um ninguém sendo funcionário público. Quem acha que por ter um doutoradozinho pode ser alguém está tão enganado quanto quem só tem nível técnico e se ache um ninguém. Ambos devem sempre primar pela coisa pública e pronto.
Engraçado que ele não estava falando da mesma coisa de que Murilo falava (tédio, desencanto, rotina massacrante, perca da criatividade, etc), mas de algo inerente à sua vaidade, uma vez que tem dois cargos em "Secretaria de Estado", sendo que em um se sentia "alguém" e, no outro, um "ninguém". Adivinha em qual cargo ele sentia "alguém"? Respondo: professor da rede estadual! Oxalá que em algum dia nesta terra um professor da rede pública se sinta alguém na vida, porque a maioria deles não se sente assim -  e não estou falando apenas das angústias salariais da classe. Afinal, é possível se sentir alguém trabalhando em jornadas pesadas, invariavelmente levando trabalho para casa, ministrando aulas para alunos que não querem nada com a voz do Brasil, sem falar em outros males?
Mas este post não iria tratar da situação educacional do Brasil, muito menos das condições de vida do funcionalismo público. A minha idéia seria falar sobre avanços na área tecnológica que vêm contribuindo consideravelmente para que a burocracia seja relativamente abrandada no serviço público. Não sei se tenho mais estímulo para discorrer sobre essa questão a essa altura, mas...
A comunicação instantânea proporcionada pelo avanço da Web está fazendo muita gente repensar o conceito de morosidade nas repartições. Mas hoje não estão em voga apenas esses avanços gerais, como o amplo uso dos comunicadores instantâneos ou telefonia via IP, ou das redes sociais. Desenvolvedores engajados estão trabalhando na criação de verdadeiras plataformas em código aberto muito positivas no que se refere à modernização e  ao aperfeiçoamento da máquina administrativa. Parte significativa dessa mentalidade pode ser sentida no que o Portal do Software Público tem já disponibilizado para implantação nas mais diversas esferas do serviço público. 

Comecei o post com um assunto, reconheço, estou concluindo de outra forma. Não sei qual escritor, piadista ou filósofo  inventou essa falsa "ideologia" de que ser funcionário público é suicidar-se aos poucos. Isso só pode ser mesmo de um literal realismo fantástico, sem menosprezo algum pela pena de Murilo, que fez história na Literatura Brasileira. Também não sei de onde esse colega tirou sua opinião estapafúrdia, pouco me interessa saber. Tanto um quanto o outro para mim estão com idéias errôneas sobre essa categoria. O fato é que o funcionalismo público talvez seja um dos setores da atividade nacional que mais tenham a ganhar em agilidade à medida que passe a incorporar com consciencia as boas iniciativas tecnológicas que, principalmente nos últimos anos desta década, vêm ganhando corpo. 
O Brasil agradece. Os servidores públicos, nem se fala.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Twittando aos poucos, Reader e políticas de inclusão

Reservei esses últimos dias sem postar para acompanhar notícias. E ler. Ou diria estudar. Não costumo separar bem essa fronteira que delimita o que seja leitura do que seja estudo, caminhos esses que ao final se encontram.  De leitura, fui de Políticas Públicas & Inclusão Digital a Fundamentos em Sistemas de Informação, passando um pouquinho pela filosofia sobre esta nossa era, com Piérre Levy. Claro, não deu para sair se aprofundando, afinal não sou o tipo do leitor biônico, como uma vizinha que tenho que devora uma brochura de 200 páginas em duas tardes. Nem conseguiria, com o ritmo de vida que levo. Sobre as leituras citadas, digo de passagem algo sobre o primeiro livro, que me conta os primeiros encontros e desencontros da experiência do governo petista baiano na era da inclusão digital posta em prática, com os ainda não tão populares Centros Digitais de Cidadania (ou CDC's). Trata-se, resumidamente, de uma série de relatos, relatórios e estudos acadêmicos que procuram traçar um panorama do status do projeto governamental de levar as TIC para o povo baiano, a mim me parecendo muito promissor, se  os governos deixarem de ser governos continuístas e passarem a ser continuadores de boas políticas públicas.

Ah, também twittei, se é que se pode dizer  que acompanhar os informes dos meus seguidos seja twittar...
Na verdade, para o meu rol de contatos reais mais próximos, ainda não dá para twittar de verdade. Resumindo: venho tratando o Twitter nos últimos "tempos" como trato a minha boa e eficiente conta do Google Reader, que por sinal, está cada semana mais cheia! A diferença está na velocidade do passarinho, em relação à "analiticidade" do Reader.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ubuntu 9.10 sem percalços


Creio que iniciar pelo Ubuntu 9.04 para Desktops foi um bom começo. Postei aqui que bati cabeça para fazer uma HP funcionar nele outro dia. Previ preventivamente que aquele percalço era um detalhe na minha tragetória. De fato, foi.  Esta semana, estreiei quase que automaticamente a versão 9.10 do pinguim, upgrade limpinho, limpinho, sem precisar recorrer a quase nada, a não ser torcer para a conexão não dar pau. Gostei muito. De quebra, testei uma outra impressora, bem mais rápida e robusta, da LexMark.  Não precisei de CD para driver algum: foi só plugar o cabo USB, iniciar o sistema, ir em Sistema, Administração,  Impressão e pronto, lá estava o meu querido driver já reconhecido, devidamente testado e devidamente resolvido o meu problema de impressora no Ubuntu.
Passeando pela "Central de Programas do Ubuntu", quanta opção há ali em software livre! Alguns dando de cem a zero em soluções proprietárias, tudo à disposição, sem licenças, sem códigos de ativação, sem necessidade de keygen, sem compra de pacote, sem licença home release, sem nada dessas firulas... Claro que ainda não naveguei em 10 por cento do que a Central trás em aplicativos. Como Maddog mais ou menos quis dizer, trata-se de uma questão de convivência com o novo em matéria de sistema operacional, algo para o qual muita gente ainda não começou a se preparar.
Em tempos de festa de lançamento e caça às cópias piratas do Windows 7, vá de Ubuntu 9.10!!!