segunda-feira, 3 de agosto de 2015

domingo, 2 de agosto de 2015

Os blogs são somente infoprodutos?

Fala-se tanto em ganhar dinheiro com blogs que já não estou quase mais sabendo se realmente vale a pena blogar. Fala-se tanto em que precisamos nos tornar empreendedores digitais, como se única finalidade última de um blog fosse rentabilizar. Brinquei certa vez com um blogueiro profissional questionando o porquê dos blogs necessitarem de salvação (claro que entendi o ponto de vista dele). Enfim, devemos tanto criar Ebooks e outros "infoprodutos" que daqui a um tempo as bibliotecas todas não farão mais sentido algum.

Não sou contrário a blogueiro algum que crie seu conteúdo e ponha à venda os seus produtos digitais. Pelo contrário, escrevo estas linhas tomando todo o cuidado para não dar um tiro no pé. Digo mais: qualquer um pode perceber que meus blogs estão de certa forma inseridos nesse mesmo contexto, que é esse dilema entre escrever o que se gosta de escrever e escrever o que possa se tornar "comercial".
O que as vezes me assusta um pouco é toda essa "corrida pelo ouro", toda essa corrente da prosperidade que tem se criado em torno dos negócios digitais envolvendo os blogs. Essa grande tendência em somente ser priorizado o que tenha apelo comercial, independente de ser blog ou outro canal (YouTube, Facebook, etc).

Não quero dar uma de filósofo, mas nessa minha busca pessoal para entender certas coisas, tenho buscado listar o que considero ser algumas explicações para o fenômeno:

1. Crise no Brasil e expansão do acesso à Internet

Produzir um conteúdo, ganhar dinheiro com Adsense (que rende em dollar) e tantos outros afiliados é muito bom, ainda mais no atual contexto paradoxal brasileiro,  em que o desemprego tem aumentado, mas ao mesmo tempo tem aumentado o acesso à Internet de qualidade (a partir de um megabips).

De fato, há dois lados bons neste cenário: o primeiro é plantar uma semente na crise para colher um bom fruto quando ela passar (ou ficar "controlada"). O segundo é que quanto mais a Internet melhora em termos de acesso universal, mais mercado de trabalho terá para os blogueiros.

2. Escrever para ganhar

Minha impressão geral é que cresce a cada dia o número de blogueiros que só tocam um projeto se ele for viável economicamente. Faz-se um blog meio experimental sobre um nicho promissor, devidamente planejado, contrata-se os vários redatores freelancer disponíveis, gasta-se um montante com a base (domínio, hospedagem, etc) e pronto, vamos ver no que dá.

É por isso que há tanto blog utilitário dando certo. Por isso que toda pessoa que gosta de blogar (nome novo para a palavra "escrever" na internet) deve tocar menos os seus projetos de fruição literária, e mais os de enfoque utilitário. Este seria o meu terceiro tópico...

3. Cultura do "seja útil"

Como disse antes, além da vontade suprema de blogar para ganhar dinheiro, há toda uma cultura do ser útil. Se vai fazer um blog, faça um que possa ajudar as pessoas a resolverem seus problemas, seja pragmático.

Por isso é rica a gama de blogs que produzem conteúdos que se tornem aplicáveis à minha e à sua realidade: curso de inglês, curso de blogspot, curso de WordPress, curso de rádio técnico, curso de mandarim, como saber fazer, como buscar o sucesso nisso ou naquilo, auto ajuda, entre milhares de outras propostas.

Na internet, parece não sobrar tempo para a fruição, a não ser que seja para um filme ou vídeo musical. Os blogs não focam em fruição alguma (artística, literária, emotiva, enfim, chame do que quiser), o visitante precisa retirar algo de útil para resolver os seus problemas, pois foi para isso que ele acessou seu blog através do Google.

Para encerrar e ser breve, reafirmo que meu propósito não é lançar juízo de valor sobre esse cenário todo, mas somente o de pensá-lo. Vejo que, se estes são os nossos caminhos possíveis, a boa notícia é que há muitas vagas de trabalho disponíveis, para empreendedores cheios de boas ideias. Este mercado está aberto e somente precisa de interessados (em entregar bons infoprodutos e merecer ganhar dinheiro).

Quem vai julgar esse mercado é o próprio mercado. Ele é a grande peneira.