Resumo
crítico dos textos:
DA
MATTA, Roberto. Você
tem cultura?
Suplemento Cultural do Jornal da Embratel, Ed. Especial, setembro,
1981.
RODRIGUES,
José Carlos. Uma
pergunta, muitas respostas. In
Assistência
à mulher em processo de abortamento provocado: discurso de
profissionais de enfermagem.
GESTEIRA,
S M A; FREIRE, N M; OLIVEIRA, E M. Assistência à mulher em processo
de abortamento provocado: discurso de profissionais de enfermagem.
Acta
paul.
Enferm.,
São Paulo, v. 21, n.3, p. 449-453, 2008.
O título desde artigo, de fato, expressa o ponto central da pesquisa proposta, que é relatar o discurso dos profissionais de enfermagem frente às situações de abortamento (o problema), tomando como “cenário” de análise a assistência prestada às mulheres em processo de abortamento provocado numa maternidade pública de Salvador (contexto). Parte-se, portanto, do pressuposto de que é extremamente necessária a observação “da problemática de saúde que envolve a mulher em processo de abortamento provocado, e visando a mudanças na assistência a essas mulheres no sentido da humanização” (objetivo e justificativa social, p. 450). O resumo é bastante sucinto, mas cumpre o seu papel de incorporar todos os pontos-chave da pesquisa exposta. Na introdução, as autoras traçam um panorama acerca do processo de abortamento em vários continentes, bem como a política de abortamento dos mesmos (a clandestinidade, as taxas de mortalidade materna decorrente de abortamentos, tipos de procedimentos abortivos mais adotados, entre outros aspectos). Nessa dialética histórica, citam o Brasil e abordam algumas leis pertinentes ao assunto no país, a exemplo do conjunto de leis que regem as punições para a interrupção voluntária da gravidez e o Projeto de Lei que visa à descriminalização e a legalização do abortamento, com garantia do SUS (fundamentação teórica/revisão da literatura). Tudo isso tem o intuito de, conforme o dizer das próprias pesquisadoras, “de responder à seguinte questão: como a equipe de enfermagem percebe a assistência prestada às mulheres em processo de aborto provocado?” (p. 450).
A pesquisa apresentada neste artigo é essencialmente de abordagem qualitativa (metodologia), para a qual se escolheu o estudo de caso detalhado, no qual fosse possível ouvir as falas dos sujeitos da pesquisa e compreender, por fim, a experiência dos enfermeiros que vivenciam tal situação à luz dos seus próprios olhares. Como dissemos, o estudo foi realizado em uma maternidade da rede pública estadual na cidade de Salvador, sendo devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo.Ainda sobre essa metodologia, é dito que a pesquisa foi feita por meio de depoimentos gravados e escritos de cinco enfermeiras e quatro auxiliares de enfermagem e foi garantido total anonimato para as contribuintes da coleta de dados. Os resultados obtidos foram suficientes para nos mostrar a experiência das profissionais de enfermagem frente à situação de aborto, e alcançou os objetivos da pesquisa que era apenas verificar o discurso da classe da enfermagem, e um dos discursos mais pertinentes dos depoimentos é de que elas vêem o aborto como crime, e que as mesmas discriminam as mulheres que chegam à Maternidade em estado de abortamento.
Conclusão/considerações finais: as autoras chegaram à conclusão de que na percepção das profissionais de enfermagem, o aborto provocado é crime perante a lei jurídica, religiosa e mundana. Observaram também que o fato dessas mulheres serem discriminadas pelas profissionais distancia o principio da assistência humanizada, sem qualquer tipo de discriminação. E, a partir disso, elas afirmam que este problema sugere a necessidade de implantação de políticas públicas que assistam à mulher e permita um processo dialógico entre as pacientes e as (os) enfermeiras (os). A conclusão, portanto, cumpre a sua principal função (retomar os resultados obtidos na pesquisa e fornecer alternativas para resolução da problemática), destacando-se a necessidade de mudanças na atual forma como profissionais e pacientes abordam a questão do abortamento no Brasil.
Por fim, as referências são bastante pertinentes, contextualizadas e fornecem a fundamentação requerida para a abordagem pretendida.
Autor: Alberto Vicente Silva (Universidade Estadual de Feira de Santana). Não é permitido cópia sem citação da fonte.