terça-feira, 22 de dezembro de 2009

À guisa de despedida de ano


É quase certo que este é meu ultimo post do ano. 2009 foi proveitoso para mim. Postei pouco, mas tentei ser consistente comigo mesmo e pelo menos tive um leitor certo: eu mesmo. A desvantagem disso é que me faltaram olhares externos, no melhor sentido da palavra. Dizer que não estou preocupado com isso é agir com uma insensatez jocosa, posto que seria mentira. Sabemos quem é o pai da mentira e dá para notar com quais crenças eu compactuo...Todo aquele que escreve, seja um poema estudantil, seja uma tese de doutorado quer ser lido e criticado e não há razão para amar o anonimato. A diferença é que aqui, desde o começo, sempre mantive os pés no chão e o Google Analytcs apenas me ajuda a continuar dessa forma.
Não vou traçar planos para 2010. Quero encerrar com o otimismo de sempre e com disposição para continuar na mesma linha, no mesmo tom, na mesma ligação e relação com o mundo.
Até o próximo ano.
E aguardem, que eu volto logo!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Burocracia e Tecnologia


"Uma frase que escutara por acaso, na rua, trouxe-me nova esperança de romper em definitivo com a vida. Ouvira de um homem triste que ser funcionário público era suicidar-se aos poucos.

Não me encontrava em condições de determinar qual a forma de suicídio que melhor me convinha: se lenta ou rápida. Por isso empreguei-me numa Secretaria de Estado".
O ex-mágico da taberna minhota, Murilo Rubião

Outro dia, ouvi de um colega que certos funcionários públicos são como "ninguém". Depois me lembrei do conto de Murilo Rubião, que conta as agruras de um homem, que antes de ser funcionário de uma "Secretaria de Estado", era mágico, mas teve os seus poderes aniquilados justamente por se tornar funcionário público, com aquela rotina, burocracia, tempo ocioso forçado, etc... O colega justificava sua opinião citando o casos dos servidores públicos que trabalham como técnicos em instituições de ensino superior. Segundo ele, ali existe uma hierarquia patente que divide categorias em "visíveis" e "invisíveis". 
Claro que combati essa tese absurda, por não encontrar sentido nela, mas sim uma ponta de, no mínimo, ressentimento ou, quem sabe, despeito e amargura relacionado a algo ou a alguém. Disse que dependia de cada um se sentir ou não um ninguém sendo funcionário público. Quem acha que por ter um doutoradozinho pode ser alguém está tão enganado quanto quem só tem nível técnico e se ache um ninguém. Ambos devem sempre primar pela coisa pública e pronto.
Engraçado que ele não estava falando da mesma coisa de que Murilo falava (tédio, desencanto, rotina massacrante, perca da criatividade, etc), mas de algo inerente à sua vaidade, uma vez que tem dois cargos em "Secretaria de Estado", sendo que em um se sentia "alguém" e, no outro, um "ninguém". Adivinha em qual cargo ele sentia "alguém"? Respondo: professor da rede estadual! Oxalá que em algum dia nesta terra um professor da rede pública se sinta alguém na vida, porque a maioria deles não se sente assim -  e não estou falando apenas das angústias salariais da classe. Afinal, é possível se sentir alguém trabalhando em jornadas pesadas, invariavelmente levando trabalho para casa, ministrando aulas para alunos que não querem nada com a voz do Brasil, sem falar em outros males?
Mas este post não iria tratar da situação educacional do Brasil, muito menos das condições de vida do funcionalismo público. A minha idéia seria falar sobre avanços na área tecnológica que vêm contribuindo consideravelmente para que a burocracia seja relativamente abrandada no serviço público. Não sei se tenho mais estímulo para discorrer sobre essa questão a essa altura, mas...
A comunicação instantânea proporcionada pelo avanço da Web está fazendo muita gente repensar o conceito de morosidade nas repartições. Mas hoje não estão em voga apenas esses avanços gerais, como o amplo uso dos comunicadores instantâneos ou telefonia via IP, ou das redes sociais. Desenvolvedores engajados estão trabalhando na criação de verdadeiras plataformas em código aberto muito positivas no que se refere à modernização e  ao aperfeiçoamento da máquina administrativa. Parte significativa dessa mentalidade pode ser sentida no que o Portal do Software Público tem já disponibilizado para implantação nas mais diversas esferas do serviço público. 

Comecei o post com um assunto, reconheço, estou concluindo de outra forma. Não sei qual escritor, piadista ou filósofo  inventou essa falsa "ideologia" de que ser funcionário público é suicidar-se aos poucos. Isso só pode ser mesmo de um literal realismo fantástico, sem menosprezo algum pela pena de Murilo, que fez história na Literatura Brasileira. Também não sei de onde esse colega tirou sua opinião estapafúrdia, pouco me interessa saber. Tanto um quanto o outro para mim estão com idéias errôneas sobre essa categoria. O fato é que o funcionalismo público talvez seja um dos setores da atividade nacional que mais tenham a ganhar em agilidade à medida que passe a incorporar com consciencia as boas iniciativas tecnológicas que, principalmente nos últimos anos desta década, vêm ganhando corpo. 
O Brasil agradece. Os servidores públicos, nem se fala.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Twittando aos poucos, Reader e políticas de inclusão

Reservei esses últimos dias sem postar para acompanhar notícias. E ler. Ou diria estudar. Não costumo separar bem essa fronteira que delimita o que seja leitura do que seja estudo, caminhos esses que ao final se encontram.  De leitura, fui de Políticas Públicas & Inclusão Digital a Fundamentos em Sistemas de Informação, passando um pouquinho pela filosofia sobre esta nossa era, com Piérre Levy. Claro, não deu para sair se aprofundando, afinal não sou o tipo do leitor biônico, como uma vizinha que tenho que devora uma brochura de 200 páginas em duas tardes. Nem conseguiria, com o ritmo de vida que levo. Sobre as leituras citadas, digo de passagem algo sobre o primeiro livro, que me conta os primeiros encontros e desencontros da experiência do governo petista baiano na era da inclusão digital posta em prática, com os ainda não tão populares Centros Digitais de Cidadania (ou CDC's). Trata-se, resumidamente, de uma série de relatos, relatórios e estudos acadêmicos que procuram traçar um panorama do status do projeto governamental de levar as TIC para o povo baiano, a mim me parecendo muito promissor, se  os governos deixarem de ser governos continuístas e passarem a ser continuadores de boas políticas públicas.

Ah, também twittei, se é que se pode dizer  que acompanhar os informes dos meus seguidos seja twittar...
Na verdade, para o meu rol de contatos reais mais próximos, ainda não dá para twittar de verdade. Resumindo: venho tratando o Twitter nos últimos "tempos" como trato a minha boa e eficiente conta do Google Reader, que por sinal, está cada semana mais cheia! A diferença está na velocidade do passarinho, em relação à "analiticidade" do Reader.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ubuntu 9.10 sem percalços


Creio que iniciar pelo Ubuntu 9.04 para Desktops foi um bom começo. Postei aqui que bati cabeça para fazer uma HP funcionar nele outro dia. Previ preventivamente que aquele percalço era um detalhe na minha tragetória. De fato, foi.  Esta semana, estreiei quase que automaticamente a versão 9.10 do pinguim, upgrade limpinho, limpinho, sem precisar recorrer a quase nada, a não ser torcer para a conexão não dar pau. Gostei muito. De quebra, testei uma outra impressora, bem mais rápida e robusta, da LexMark.  Não precisei de CD para driver algum: foi só plugar o cabo USB, iniciar o sistema, ir em Sistema, Administração,  Impressão e pronto, lá estava o meu querido driver já reconhecido, devidamente testado e devidamente resolvido o meu problema de impressora no Ubuntu.
Passeando pela "Central de Programas do Ubuntu", quanta opção há ali em software livre! Alguns dando de cem a zero em soluções proprietárias, tudo à disposição, sem licenças, sem códigos de ativação, sem necessidade de keygen, sem compra de pacote, sem licença home release, sem nada dessas firulas... Claro que ainda não naveguei em 10 por cento do que a Central trás em aplicativos. Como Maddog mais ou menos quis dizer, trata-se de uma questão de convivência com o novo em matéria de sistema operacional, algo para o qual muita gente ainda não começou a se preparar.
Em tempos de festa de lançamento e caça às cópias piratas do Windows 7, vá de Ubuntu 9.10!!!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ubuntu e seus percalços


Antes de mais nada, neste exato momento estou imerso: para este post, usei o OpenOffice Writer e agora estou navegando dentro do Firefox do Ubuntu 9.04 Desktop Edition. Recebi o CD instalador gratuitamente através do portal da comunidade, num belo encarte padronizado e todo escrito em inglês. Quer mais liberdade e comodidade do que essa?
Agora, vamos ao que interessa...
Dito e feito: foi mais fácil ver o Linus Torvalds posando e acenando numa loja japonesa de Windows 7 do que eu conseguir fazer uma HP LaserJet 1020 funcionar no pinguim. Gastei um tempo danado para não conseguir imprimir nessa impressora, que já venho, lógico, usando perfeitamente no XP. Persegui respostas em todos os foruns e comunidades e todos, de maneira geral, apontaram para a mesma dificuldade. Claro que o serviço de suporte da própria HP não ajudou em nada também, já que até consideram o equipamento como sendo uma série “descontinuada”. As listas de compatibilidade elaboradas por usuários do Linux reportavam para os mesmos problemas de pouco ou quase nenhum desempenho satisfatório da HP em várias versões do pinguim. Porque será que justamente esse bendito driver é uma barreira para o Ubuntu? É a pergunta que gostaria que algum felizardo usuário avançado me repondesse plenamente. Então, coitado de mim, usuário neófito!
Em determinada fase da minha odisséia online em busca da ajuda perdida nos repositórios, creio que até consegui, a partir dos comandos inseridos no terminal, fazer pelo menos o pinguim reconhecer algo que eu julguei ser supostamente a dita HP, tanto que por muitas vezes a impressão que tive foi que a impressão iria ser realizada, pois todos os processos pareciam estar sendo realizados. Pura ilusão: nada acontecia. Não houve jeito para imprimir, não houve jeito de saber se o tal plugin que o sistema pedia foi instalado, não houve jeito de saber se o driver era exatamente o ideal. É por essas coisas que percebo que o interesse de muita gente esmaece, mas que essa gente não tome este post como um balde de água fria em seus intentos.
Tome o post justamente pelo contrário.
Se você vem planejando migrar para o Linux, seja qual distribuição escolha, prepare-se para o fato de que em alguns momentos irá sentir-se meio como quem está voltando um pouco para o tempo em que inventaram a roda, mal comparando a situação. Principalmente - a maioria – se foi criado e alfabetizado digitalmente no ambiente Windows (do 95 para cá), como eu. Tanto que considerei algo muito sensato pleitear uma migração paulatina, partindo da instalação do Ubuntu em cima do XP, no esquema de partição do HD. Outra opção talvez ainda melhor para os interessados ainda é a instalação do pinguin em máquina virtual, aplicativo que ajuda bastante no conhecimento de diversos outros sistemas operacionais. É com ela que nos próximos dias testarei o OpenSolaris, da Sun. Também percebi dificuldades iminentes quando tentei acessar certas páginas com requisitos de plugin de flash, uma vez que a raposa do Ubuntu não me pareceu tão avançada quanto a raposa atualizada que tenho no XP. Mais dificuldade foram sentidas ao tentar abrir certos anexos de email ,  principalmente arquivos de áudio e vídeo, mas não só esses.
Se alguma lição pude tirar de tudo isso é que esses mínimos percalços não me desanimaram em nada e até ratificaram na consciência a tese batida que venho defendendo: o uso de software livre não pode ser encarado pelo prisma da usabilidade ou da comodidade, mas pelo da mudança de atitudes. O legado que o software de código aberto tem deixado é outro, acredito que bem mais ligado ao colaborativismo e à inclusão digital. Sem mais.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Semana Nacional de Tecno e o Missionário do Software Livre


Há um bom tempo que simpatizo com toda essa "corrente do bem" que prega e produz opções de software de código aberto. Vejo o  momento e o movimento numa fase ainda incipiente, talvez  porque os conglomerados empresariais que mandam no mercado de software no mundo ainda ofuscam bastante nossos ângulos de visão. Antes de outra coisa, também não vou ser hipócrita o suficiente para afirmar que sou contrário às leis do mercado capitalista, até porque isso seria de uma burrice execrável. Afinal, quem não gostaria de ter máquina hoje suficiente para migrar para o Windows 7? Quem não se encanta com as performances dos produtos de uma Adobe ou da prestreza de uma Symantec? Alguns desses temas foram discutidos na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, mas não pensei em ver o que vi nas palestras: quase uma falta de quorum. Achei que por estar na academia (a universidade), aqueles auditórios iriam ficar tão cheios quanto já ficaram em momentos de conflito, naquelas prolongadas assembléias de movimento grevista que já acompanhei. Hoje, numa apresenação sobre o que pessoal de Engenharia da Computação (Pet-Ecomp - UEFS) tem feito para reaproveitar máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia, transformando-as em urnas eletrônicas, quase que a estudante e palestrante iria se comunicar com as cadeiras!
O Projeto do Pet-Ecomp é promissor: em princípio reaproveitou duas máquinas caça-níquel doadas e, com a investigação dos seus componentes aliado ao uso de  componentes de velhos computadores em desuso doados pela UEFS, conseguiu montar um projeto-piloto de urna eletrônica, que já foi usada ali, em uma eleição interna. A proposta pode se estender para outras finalidades que vão desde a criação de estações de consulta à criação de centros conectados à internet para acesso do público em geral. Tudo isso a partir do reaproveiamento do que é  até  considerado "lixo eletrônico": computadores com baixa capacidade de processamento que podem ganhar nova vida a partir da instalação de softwares livres, como o Linux, bem mais compatíveis com a capacidade limitada dessas máquinas.
Por essas e por outras é que a congregação dos que apóiam a causa do software livre (e todos os projetos de elevado alcance social advindos dele)_ necessita de um missionário como John "Maddog" Hall, a quem fui apresentado recentemente, através do Roda Viva (outra vez, esse programa influenciando a minha "vida online"?). Ficou patente ali que a difusão do sotware livre tem que passar ncessariamente por uma mudança de mentalidade, por uma quebra de paradigmas que talvez nos foram impostos em longos e longos anos de  certa espécie de inculcação ideológica ligada às leis do mercado.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Software Livre, Nuvem, Estado, Vida Online: caminhos e descaminhos


Quando penso em software livre (SL), bem, é algo bobo, mas  me vem à lembrança o post  de um membro desses foruns do Orkut que falava justamente sobre a inviabilidade econômica de se aderir ao SL. Lembro que o cara recebeu uma saraivada de críticas por simplesmente defender sua opinião no tal forum, provavelmente de defensores ferrenhos do software livre. Mas acredito que ele tinha razão em grande parte e recebeu críticas dos muitos usuários domésticos de SL, que são os grandes adeptos desse tipo fundamentalismo que encara  empresas como Apple, Adobe, Microsoft, etc, como vilãs  monopolizadoras. Sim, porque há que se diferenciar o usuário comum do usuário desenvolvedor, que ajuda a aperfeiçoar o código, aquele que é o grande responsável pelo crescimento do ambiente colaborativo de onde afinal toda essa corrente libertária, a partir de Linus Torvalds, foi gerada e amplificada. Em suma, poderíamos dizer que aderir é fácil (usufruir melhor ainda), o difícil é programar, dar suporte de graça, dar garantias para as grandes empresas de que a qualquer bug provável ou improvável se encontrará à disposição uma equipe bem treinada para solucionar os problemas. Ou seja, quem assumirá a responsabilidade quando a estrutura montada em código aberto der pau? Quantas pessoas ficarão não mão se isso acontecer? A questão de se implantar ou não o software livre em empresas privadas ou públicas, por incrível que possa parecer a muitos defensores, ainda é mesmo uma questão (do que  chamam) de "custo total de propriedade", que, grosso modo, pode ser entendido como a antiga relação custo-benefício em se implantar nova tecnologia numa corporação. Por exemplo, de que adianta eu mudar a plataforma de minha empresa, deixando de pagar por licenças e aderindo ao open source se, no fim das contas, vou gastar a mesma coisa ou bem mais com pessoal qualificado para manutenção do data center criado?
Basicamente, o que foi dito acima veio a propósito de uma palestra proferida hoje por Camilo Teles, representante do Estado Baiano, na área de empreedendorismo de TI (Secretaria de Ciência e Tecnologia). Intitulada oportunamente de "Software Livre - Caminhos para a Inclusão Digital", Teles faz uma panorâmica breve de como anda a situação da implantação de software livre nas instituições públicas baianas e de brinde ainda comenta aspectos relativos à computação em nuvem, plataformas online, "vida dentro do browser" e gerenciamento de sistemas open source em ampla escala.
Numa visão geral da questão dos monopólios de TIC hoje em dia, percebemos que empresas como Microsoft e Apple podem ter suas expectativas mercadológicas frustradas tanto devido ao crescimento do  software livre como pelo da computação em nuvem. Por outro lado, perpassa também a ausência de certas garantias nos aplicativos criados para a web. Afinal,  a nuvem parece chegar a nós como a bola da vez, mas até que ponto devemos confiar plenamente em suas potencialidades? Ironicamente, é uma pergunta que vez por outra já vinha esboçando neste blog, ao comentar fatos como o das panes do Gmail que causaram insatisfação mundial. Camilo foi muito feliz ao usar a expressão "vida dentro do browser" para qualificar toda essa onda gigantesca de mudança de uma mentalidade (que posso chamar de) "offline" que nós tínhamos (o usuário e seu repositório pessoal no desktop) para esta atual "vida online", onde ninguém existe se não estiver conectado ("disponível"). Por outro lado, Camilo atentou para a outra face da moeda: cada vez mais vida online e vida offline estão mais próximas., no sentido de que está ficando muito sutil a fronteira que separava os seus dados pessoais dos  dados disponíveis e expostos na web. Afinal de contas, o que você acha que recursos cada vez mais usados como os do Google Docs e os do Gmail - para não citar tantos outros  - estão fazendo com a sua vida? Como você acha que eles usam e usarão sua intimidade revelada, seus anseios, suas conversas, enfim, toda a sua produtividade nessa sua vida online? Até que ponto eu posso ter a garantia de que os monopólios criados pela computação em nuvem não irão usar a minha dependência contra mim mesmo? São perguntas que nem mesmo a simples realização de backups frequentes dessa sua nova vida lhe deixariam completamente a salvo.
É de se pensar...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ZoneAlarm PRO de graça: dessa vez não foi e-mail falso em corrente, nem nada "crackeado"

Inscrevi-me ontem à tarde no portal da empresa proprietária do ZoneAlarm e recebi as coordenadas para um download seguro, gratuito e fácil de uma versão de software paga. De fato, um dos melhores firewalls do mercado, totalmente em inglês e nem por isso menos funcional para usuários normais, estava disponível de graça por 24 horas (acabou hoje, horas atrás)! A versão PRO é completa e a licença tem validade de um ano, podendo ser validada em até três máquinas. De acordo com informações da fabricante, entre outras funções, o ZoneAlarm nos protege das mais maliciosas ameaças da web e monitora também os aplicativos que usamos diariamente, permitindo ou negando o acesso, a depender da maneira como for configurado. Essa promessa de atuação muitas vezes invisível (ou mesmo quando sua máquina não está ligada)  foi o que mais me atraiu ao ser informado da promoção. Se muito usuário comum se importasse com as vulnerabilidades às quais está sujeito diariamente, baixaria um programa como esses ainda que em versão gratuita, facilmente encontrável. O fato não é que estaremos com a pátria digital sendo salva apenas com isso, mas presumimos sempre que todo o cuidado online é pouco e que, se existem alternativas que nos ajudam na seara da segurança, por que não investir com boa vontade nelas?

Entretanto, após a ativação, ocorreu um conflito justamente com o meu Avast PRO . Tirando as mensagens iniciais de alerta na tela e a reconfiguração do aplicativo, ambos estão funcionando satisfatoriamente. De acordo com informações do antivirus, a Avast! estaria trabalhando para solucionar esse problema de incompatibilidade.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Microsoft paga por e-mail enviado.

Quem recebeu U$245,00 da Microsoft por cada e-mail enviado hoje?





"Afiliados", "ganhe dinheiro sem sair de casa", "receba somente por clicar em anúncios ou receber e-mails".   Primeiramente, não estou dizendo que seja errado ou certo fazer algumas dessas coisas, até porque estaria sendo hipócrita. Eu mesmo  penso que existam bons programas de afiliados na Internet e que recompensam pelo tempo que a gente gasta se cadastrando, apesar de não fazer enriquecer 99,7% dos usuários e  de  em muitos casos servir apenas como um passatempo qualquer na web. Mas vejo também que em mentes talvez desavisadas, românticas, idealistas, em todos esses itens paira um pouco de ilusão, uma espécie daquele mundo maravilhoso de que falava o bom e velho Pangloss do romance de Voltaire. Todo blogueiro que se preze, todo dono de domínio, toda pessoa que encara a internet como uma poderosa arma de comunicação sabe que não existem milagres por aqui, muito menos receitas mágicas para coisa alguma. Venho combatendo uma série delas (mesmo as que não prometem recompensa) neste espaço democrático de um só blogueiro. Recentemente postei sobre a imbecilidade de um e-mail de uma tal de Ana Swelung que se dizia funcionária da Ericsom e que jurava que esta empresa estava distribuindo "laptops" de graça. E quão grande não foi a corrente que havia recebido! Fico imaginando cada pessoa por trás do endereço eletrônico, cada ser humano, profissional liberal, estudante de doutorado, físico quantico, estudante que está se preparando para o ENEM que por ora foi agourado, enfim... cada pessoa dessas lendo esses e-mails e umas sentenças...
Pois bem, deixemos essa grande discussão para outro momento e nos debrucemos sobre uma velha novidade: não é que recebi outro e-mail em corrente!? Entre outras besteiras, o e-mail dizia o seguinte:


"(...)Microsoft e AOL são agora os maiores empresas de Internet.



E para ter certeza de que a internet Explorer é realmente o programa mais
 usado a Microsoft e a AOL iniciaram um E-Mail Beta netTest.

Se você enviar esse e-mail a amigos a Microsoft pode e vai por um
 período de 2 semanas rastrear esse e-mail.

Para cada pessoa que você mandar este e-mail a Microsoft vai pagar U$245,00.

Para cada pessoa a quem você enviar, que enviar este e-mail adiante a
 Microsoft paga a você $243,00.

E para cada terceira pessoa que receber este e-mail você recebe $241,00
 da Microsoft.

Daqui a 2 semanas a Microsoft vai te contactar neste teu endereço e te
 enviar um cheque.



 Eu também pensei que era besteira mas 2 semanas depois de receber esse
 e- mail, a pessoa que mandou-o para mim foi contactada pelo Microsoft
 dentro de alguns dias ele recebeu um cheque de R$24.800,00.

Você deve responder antes que o beta Teste termine (...)".


Já não sei mais se o problema está em simplesmente repassar esses e-mails ou se em repassá-los porque foi seu "amigo de confiança" quem lhe mandou repassar.  Ou se o problema está em perder tempo lendo isso. Não vou ocupar a ARIS-LD com isso dessa vez, poderão ficar sossegados. São os cadastradores de e-mails para enviar spam trabalhando duramente para emporcalhar a internet.
O pior é que o fato de alguém ter enviado um e-mail desses já indica que  sem querer você caiu na malha fina dos spammers.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Computação em nuvem e as panes do Gmail

À guisa de update, este post só serve para reforçar por outras palavras o resumo crítico da situação Gmail/Nuvem que Fugita  fez outro dia.
O Gmail deixou muita gente na mão algumas vezes, e daí? Em escala planetária, ficar duas horas indisponíveis na plataforma web não é nada (e eu, pelo menos depois que passei a usar o Gears, nem posso reclamar...). Essa celeuma midiática em torno das panes do Google/Gmail é um pouco perigosa e exagerada. O problema é que estamos acostumados talvez a cobrar muito do Google como um todo, o que cada vez mais torna patente a instauração de uma cultura de dependência da empresa para muita coisa. No momento, não sei se isso é bom, ou se pode guardar um risco futuro, ou se tudo  não passa de uma teoria boba da conspiração. O fato é que confiar plena e irrestritamente na nuvem (sinônimo dos serviços do Google?) ainda não é prudente, embora de certa forma eu mesmo já venha alimentando essa noção, como usuário assíduo e pé no chão desses serviços.
Outra coisa: essa questão de cobrarmos por um serviço gratuito de qualidade - como se estivéssemos falando do serviço de saúde ou de educação da nossa cidade, onde pagamos impostos - não tem respaldo no universo da cloud computing, aliás, não tem respaldo em nada gratuito na web, com o perdão da generalização.
Essa premissa só é mentirosa para aqueles que tenham assinado contrato com a Locaweb.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Classe C na Web: arrombar ou ser arrombado?

Sandra Carvalho, na Info de setembro, diz que a "classe C hoje manda e desmanda na internet".  A participação dessa classe vem crescendo, com previsão de se chegar a 45% até o final deste ano, bem maior que o percentual do ano anterior. Não quero ser estatística ou virar índice social em pesquisa de mercado alguma, mas estou cauteloso ao digerir esses dados. Prefiro remar na maré contrária e desconfiar de uma classe C que vem dando "show na internet", por mais que me mostrem os números.

Fiquemos com um caso isolado.
Um mês foi o suficiente para comprovar mais ou menos o que Andrew Keen* de certa forma já tinha comentado numa entrevista recente à própria Info: muita gente tem uma relativa ilusão com o que realmente é "free", é sem dono, é gratuito na internet. Ou seja, por trás dessa máscara do gratuito na web, está-se pagando por tudo, do consumo de energia ao consumo de internet (provedor, equipamentos, etc). Pois bem. Em um mês  com computador em um lar classe C, não pude dizer que fui privilegiado. Aprendi na prática a maneira como essa imersão na web vem se configurando. Fazendo um balanço rápido, vejamos: a conta de energia no período praticamente duplicou e o pacote de dados de banda larga foi de longe insuficiente para a demanda que não quer ser reprimida. Curiosamente, é a banda que mais tem crescido no Brasil! E aqui deixo um conselho bem óbvio: fuja dos pacotes de banda larga que te oferecem conexão limitada, pois terá prejuízo na certa. Na internet, o mais caro infelizmente ainda  é relativamente o melhor. O que ocorre fora disso geralmente é "meia boca", dá apenas para remediar.
Dito isso, concluo que a classe C vem sendo arrombada no bolso. Internet é mesmo cara no Brasil (não posso falar do resto do mundo).
Sandra diz ainda que "vivemos finalmente um círculo virtuoso em que praticamente todo mundo ganha, e ninguém perde". Por um lado, outra vez, isso é fato: de certa forma, ninguém perde com a internet, quando usada prudentemente, pois informação não chega a ser demais, a
depender dos filtros mentais ou da paciência de cada um. Fora isso, não estamos levando vantagem em coisa alguma.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Antivirus da Microsoft

Terça-feira passada, a Microsoft disponibilizou de vez o seu antivirus gratuito, o Microsoft Security Essentials, que segundo a empresa não veio para derrubar as gigantes do ramo, mas com certeza vai balançar temporariamente o "mercado" dos antivirus gratuitos. Desde junho, o MSE já vinha sendo rodado em algumas máquinas no mundo, para testes, promentendo ser um antivirus completo, que combaterá vírus, spywares e outras pragas. Tendo como público alvo aqueles usuários do Windows que ainda não usam qualquer software de proteção (ainda existe essa categoria de usuário para a Microsoft!? Não sabia...) o Security é bastante intuitivo e fácil de ser usado, com um bom sistema de sinalização do status através de cores de alerta.
Tanto valeria a pena ser testado que baixei, pensando que rodaria em um PC basicão (seria interessante o usuário dar uma olhada nos  requisitos antes de testar), mas fracassei: o programa não chegou sequer a finalizar a  atualização essencial. 

Suspeito que, além do óbvio, ele não foi páreo para os meus 90 e poucos kbps de velocidade.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

InfoWebMais: explicações que ninguém pediu


Por que mexeu no que vinha dando certo?

Não poderia deixar de registrar aqui alguma explicação para a mudança de endereço dentro do Blogger. Vou ser objetivo, prometo.

1º Perspectiva de identidade: quando entrou no ar o albertolitera, como o próprio vocábulo composto sugeriu, tinha algo de literário para ser mostrado. Não que este blog deixará de ser literário, porque em tudo há uma ponta de literário, mas com certeza a literatura dele irá se expandir para outras searas, que não as da Literatura, como "L" maiúsculo. Essa Literatura com "L" vai ficar para um outro momento, um outro canal e uma outra disponibilidade literária, à qual o InfoWebMais está dando adeus, para ficar numa citação de  Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataíde).

2º Perspectiva de acessibilidade: porque, convenhamos, web, informática, segurança da informação, tecnologia, mídias e redes sociais, comunicação de massa na era digital, educação e tecnologias, etc, ainda que estejam inseridos no amplo espectro da Literatura, organizacionalmente carecia de uma separação, pelo menos na minha cabeça! Por outras palavras, o InfoWebMais  não vai ter Literatura.

3º Perspectiva de experimentabilidade: sem dúvida, o InfoWebMais vai nortear a escolha do domínio futuro, ou seja, estamos trabalhando aqui como numa espécie de  "laboratório digital", se é que podemos dizer assim...

E agora precisamos voltar ao trabalho, que não pode parar.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Blogosfera tecnológica, opinião própria, cultura do plágio e Adsense

O que se segue é apenas um comentário a propósito de um elucidativo post de Henrique Martin publicado ontem no Tecnoblog (o comentário também está lá, sem as correções daqui).


Personalização na internet? Essa palavra é tão cara nesse meio…
Acho que só vale a pena escrever um blog se você tem o mínimo de escrúpulo para não fazer apenas cópia. Sem demagogia, o Tecnoblog faz isso muito bem – e por incrível que pareça descobri isso numa tag do Google Adsense!!!
Sim, já sabemos que a Internet é reflexo da vida real, da escola, da universidade, enfim, gente que gosta de sugar do outro tem em todo lugar e isso e isso e aquilo e aquilo outro…
Ah, o Adsense. E agora o vilão de todo blogueiro iniciante é o Adsense!
Criei este blog, é franquia do Google, paira alguma coisa abaixo ou acima da página, mas continuo como quando comecei, há um tempinho atrás: os meus pés continuam no chão e não guardo ilusões de vida farta e fácil na web, até porque não dependo dela para sobreviver diretamente. Por outro lado, sem hipocrisia, porque aqui ela não cola: muito me orgulharia se um dia, honestamente, dependesse dela para ganhar a vida (isto quer dizer que não tenho nada contra quem anda enchendo seu blog de afiliados, contanto que o conteúdo seja, na palavra do tecnoblogueiro, “personalizado”).
A questão não reside apenas em só copiar do outro e citar a fonte, mas na necessidade que as pessoas têm de impor a sua marca, sei lá, o seu estilo pessoal de escrever, seja por "exercício de texto" seja por afinidade com o nicho tecnológico. Falta em qualquer lugar gente que escreva e que se reconheça como “pensante” por trás do amontoado de palavras.
E outra coisa: não é porque na internet essa exigência de constante novidade é gritante que o cara vai se limitar a cópiar e colar para pegar o fio da meada e dar audiência, porque da mesma maneira que na vida “normal”, existem n maneiras de você citar o outro sem copiá-lo, sem forjar nada e sem impor um ar de entendido no assunto. A internet não é dominada por gente que é expert nesse ou naquele assunto. Se fosse para ter na internet essa classe de gente, eu não seria visitante de blog algum, mas de "sites oficiais" disso e daquilo.

Fato é que tecnologia não é a única coisa que dá para escrever na vida”.

Ao afirmar isso, para mim fica parecendo que o Henrique insinua que a praga dos copiadores de texto está infestando apenas a blogosfera tecnológica, quando sabe-se que há uma infinidade de blogs e sites, desde os que tratam de banana até os de sorvete e que são tão bem sucedidos em clonagem quanto foi prolongada a vida da ovelha Dolly.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Hacker: o livro

Estou lendo Hacker: Invasão e Proteção. Dicas e truques para atacar e se defender na internet. É a segunda edição ampliada do livro de Wilson José de Oliveira, editado pela Visual Books. Defasado, em partes. Escrito no ano 2000, pode servir bem como livro feito para quem tem pouco conhecimento no assunto e portanto tem pouco a contribuir para esse mundo de jovens talentosos que usam o computador para o bem e para o mal - dos outros. Para o escriba aqui,  é um best seller, independente de tratar de sistemas operacionais já quase que em desuso, como o Windows 95, 98 e NT, mas não apenas desses. Acredito que embora na quadragésima página, didaticamente será uma aula e tanto para mim. Antes que imaginem, meu interesse não é nem nunca foi ser hacker ou mesmo um lamer (nem me importa se por acaso essa terminologia já ficou obsoleta). A habilidade do livro reside justamente nisso: não ensinar o passo-a-passo para se tornar um hacker, até porque o autor sabe que fracassaria. Contudo, há bons conselhos ali. Afinal, da mesma maneira que o trânsito urbano exige cada vez mais que treinemos uma direção defensiva, o mesmo ocorre na web, universo em que muitas vezes não se tem a mínima noção acerca do rumo ao qual certas navegações estão nos levando.

O livro começa fornecendo as definições básicas de termos como hacker, cracker, phreaker, guru, lamer, wanabe, larva e araker. Depois, o autor inicia uma incursão pelos temas centrais que delineiam a carreira desses (por que não chamar positivamente assim) profissionais da informática. Daqui por diante, vai discorrendo sobre segurança da informação, itens de segurança, habilidades de um hacker que se preze, sistemas operacionais, linguagens de programação, vulnerabilidades,vírus, tipos de vírus e seus malefícios, protocolos, como hackear um PC, enfim, uma miscelânia de assuntos que certamente interessarão a muitos, do simples usuário ao mais avançado. O primeiro encontrará ali uma fonte de inspiração para se dedicar aos estudos (hacker tambem tem que estudar, não é só talento que conta!); os últimos provavelmente irão se identificar com o que é transmitido ali. Todos temos a ganhar.
Com certeza, é uma leitura que vale mais a pena do que aquelas horas perdidas no no site errado.

Você esperava algo mais dessas primeiras quarenta páginas? Esse post não vai sequer continuação.


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Educação brasileira e seu reflexo na web

Já há alguns posts venho falando, ainda que sutilmente, sobre o mau uso que algumas pessoas fazem da internet. Pois bem. Acabo de conferir que o blogueiro (mas engenheiro e professor) Ruy Flávio de Oliveira, há cinco dias atrás, resumiu bem a questão e percebo que comungamos do mesmo raciocínio. Aliás, eu, o Ruy e você que me lê. Inevitável para mim não tentar "resenhá-lo", neste momento.
Assistimos no Brasil, atualmente, ao que o articulista chama de "protótipo de inclusão digital". Os números de usuários de computadores têm aumentado consideravelmente. No entanto, isso não significa praticamente nada do ponto de vista do quadro educacional precário do país. Pelo contrário: a inclusão digital não trouxe efeitos positivos de imediato para o avanço educacional. Em uma pesquisa citada noutro post, se detectou um fato que pode servir neste momento para clarear um pouco mais: o brasileiro tem mais oportunidade para consumir bens tecnológicos e acesso à internet, mas ainda carece de conhecimento, habilidade mesmo, quando se trata de lidar com tais equipamentos e tecnologias.

Como internautas, muitos demonstram completa imprudência, singrando por mares perigosos e  nunca dantes  navegados. Parafraseando o professor Ruy, o internauta se atira, na realidade virtual, de barriga em um mar cheio de tubarões famintos. Ou, pelas palavras do blogueiro, "além de não saberem nada sobre navegação, muitos se lançam ao mar em barcos precariamente preparados e sem saberem nem como nadar". É patente que pouco se pensa em segurança nesse tipo de navegação: salvo alguns itens de software básicos e legalmente adquiridos, tudo o mais - de anti-vírus a editores de texto - se resume a baixar e utilizar e acessar e acessar, naquela sanha do "tudo é free, internet não tem dono, tudo é grátis".

Aos que se deixam levar pelo  entretenimento vazio de conteúdo e de critérios, Oliveira deixa um recado certeiro:
"A avidez por diversão, por conteúdo, por novas experiências e novos sites, leva a um frenesi de cliques, downloads e visitas que não obedecem a nenhum critério de análise mais elaborado. 'Que mané critério, que nada' bem poderia ser o slogan para essa horda de usuários. Site com vírus? Quem se importa? Download infectado? Quem se importa?"

Como resultado disso tudo, novos usuários vulneráveis nascem na Internet a cada minuto. Contrariando a idéia que se tem de que o brasileiro manda muito spam, Ruy Flávio afirma que o mérito de ser "campeão" de envio de spam não é nosso, mas vem a ser o "resultado direto da falta de segurança que vivemos em nossas incursões online. Botnets vasculham ininterruptamente máquinas pela internet afora em busca daquelas que apresentem vulnerabilidades". E "como no Brasil isso é o que não falta, os donos dessas botnets infectam nossos computadores com códigos maliciosos que transformam os PCs domésticos em verdadeiros zumbis, os tais proxies abertos".
  
Vou concluir repetindo de outro modo o que ficou enfatizado antes: se algo pode ser comprovado de tudo o que estamos vendo acontecer na Internet é o fato de que é precipitado pensar que a tal inclusão digital venha a significar que o brasileiro está tendo acesso a mais informação de qualidade, ou seja, se educando mais, absorvendo melhor aquilo que anos de educação institucional não conseguiu fazer.  Enfim, é falsa a idéia de que acesso a mais informação leve necessariamente a formação. Com isso, ocorre que a internet não mascara a nossa real situação. Também não a corrige, por vezes até a  piora, acomoda mais as pessos a um relativo conformismo mesquinho.
A falta de instrução de qualidade, problema atávico do Brasil, fica refletida nas estatísticas de uso da web pelos braslleiros e a pergunta que fica é: o que fazer para mudar o quadro?

Aqui já deixo uma provável resposta registrada: aliar aquilo que a internet tem de melhor ao que o Brasil já tem de antigo, na acepção positiva da palavra. Que os computadores cheguem à salas de aula e que não sirvam apenas para se ensinar word e paint. Que os instrutores de informática sejam banidos das escolas e, por fim, que nós, pedagogos e professores, antes de ensinarmos o que venha a ser navegação segura, sejamos alfabetizados digitalmente.



sábado, 19 de setembro de 2009

(In)utilidade das redes sociais (Twittando aos poucos, I e meio)



Passaram-se alguns dias e sinceramente, tirando os updates,  o que o Twitter pode fazer melhor do que o Google Reader ou a assinatura de um feed qualquer, por exemplo? Francamente, sinceramente, honestamente... nada, por enquanto.

Andei bisbilhotando alguns twitteiros que postavam registros diarescos, com frases do tipo "dei uma saída, amigos, mas já volto" ou "olá seguidores, estou com minha família descansando". Eu nunca vou me prestar a isso, coisa de gente que não é geek, mas já adquiriu o hábito de ter internet móvel à disposição como um relógio de pulso! Escrevi diários em papel por uns seis ou sete anos, ninguém nunca leu, eu até entendo porque é muito maçante ficar lendo a rotina dos outros. Por que iria achar adorável ler isso no Twitter, ainda que com quantidade regrada de caracteres??? Estamos em um momento, no Brasil e no mundo, em que até reality show está enfadonho, que se dirá de microdiário particular?

Estou me fazendo uma campanha: "Abaixo às redes sociais sem serventia pra mim". Em 2008, criei meu Orkut, menos voltado por grande necessidade do que pela febre dos testadores de novidades. Foi dito e feito: de tanto não não visitar as páginas de nenhum amigo, de tanto não escrever recado algum (muitas vezes, dentro de uma casa, fica o irmão a enviar recado para a irmã, que está no quarto ao lado!), de tanto não atualizar os enfadonhos albuns e de tanto não visitar comunidade alguma, resolvi colocar lá esta mensagem de status: ESTA PÁGINA SERÁ DESATIVADA EM BREVE. Não me enraiveci com a rede, pois sei que muita gente tira proveito positivo dela, às quais respeito,  nem estou demonizando coisa alguma . Meus amigos que me perdoem, eles sabem que não é nada contra eles, mas simplesmente passei a detestar o Orkut. Não tem nada ali que uns minutos de conversa em um mensageiro instantâneo não resolva.
E pensar que conheço gente que vai para a lan house feliz da vida, fuçar no orkut, encher de recados prontos cheios de animações singelas, direcionados quase que invariavelmente a pessoas infinitamente próximas, perdendo um tempão, para depois achar que aquilo vai ter algum alcance maior que o rol de suas amizades (afinal de contas, está na rede, está no mundo, uma hora dessas a Casa Branca descobre a singularidade daquilo tudo e ela ganha um troféu de honra ao mérito das mãos de Obama)...

Quem quiser defender as redes sociais, tem espaço de sobra, a qualquer tempo. Neste blog,  por e-mail ou nas próprias redes citadas. Sem reservas.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Dia Internacional de Segurança em Informática

             Recebi informação do grupo InfoBahia de que o DISI, Dia Internacional de Segurança em Informática, acontecerá este ano em Salvador, no dia 02 de dezembro. Segundo o informe, "o DISI é um evento realizado em comemoração ao Computer Security Day (CSD), criado em 1988 com o objetivo de conscientizar a população para as questões relativas à segurança da informação. Esse evento anual é realizado mundialmente no dia 30 de novembro e promove um grande número de iniciativas dos mais variados tipos, como realização de palestras e distribuição de material de conscientização. O DISI, versão brasileira do CSD, é realizado pela RNP desde 2005, através do CAIS (Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança). A programação inclui a transmissão de palestras, divulgação de informações e práticas de segurança além do apoio às iniciativas de instituições interessadas em participar do evento. O público alvo do DISI é usuários de computadores de uma maneira geral, técnicos e não-técnicos".
Espero estar lá em dezembro.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ericsson distribui "lap tops" gratuitamente.

Quem ganhou o Laptop da Ericsson hoje?

Recebi um e-mail em corrente que dizia o seguinte (ipsis litteris):

"DISTRIBUIÇÃO DE NOTEBOOK

A empresa Ericsson está distribuindo gratuitamente 'lap tops' com o objetivo de se equilibrar com a Nokia, que está fazendo o mesmo. A Ericsson deseja assim aumentar sua popularidade. Por esse motivo, está distribuindo gratuitamente o novo Lap Top WAP.
Tudo o que é preciso fazer é enviar uma cópia deste e-mail para 8 (oito) conhecidos.
Dentro de 2 (duas) semanas você receberá um Ericsson T18.
Se a mensagem for enviada para 20 (vinte) ou mais pessoas, você poderá receber um Ericsson R320..
Importante!!!
É preciso enviar uma cópia do e-mail para Anna.swelung@ericsson.com

Paula Fernandes
Gerente de Compras
Issam Import e Export Ltda
Tel (Coml ) Não é trote. Funciona."


A estratégia de “Paula Fernandes”, ou “Anna Swelung” (ou algum tipo de pivete digital se aproveitando desses nomes)a priori, não parece muito misteriosa: deduz-se naturalmente que alguma intenção escusa está programada para o momento em que os incautos enviarem cópias dos e-mails enviados para o endereço que citam no informe. Pode se tratar simplesmente de um colecionador de endereços para spam, ou de um hacker mais bem dotado, que preencheu aquele famigerado hiperlink ou a mensagem toda com algum redirecionamento malicioso. Pode ser que o redirecionamento seja para algum endereço comercial, o que sugere que o autor estivesse tentando angariar clientes para vender alguma coisa. Pode ser também que tudo não passe de uma brincadeira de mau gosto. Só não acessei o hiperlink por não ter nada a ganhar, ao passo que tinha muito a perder (de início, o meu tempo). Contrariando o que foi sugerido, enviei uma cópia do e-mail sim, mas para a Equipe ARIS- LD - aquela comentada no post passado - para quando eles tiverem tempo ou paciência, ou não tiverem nenhum e-mail mais perigoso para analisar. Talvez nem me respondam a missiva eletrônica, por acharem  desimportante mesmo.
O link para o qual o e-mail encaminhava era mais do que estranho, pois podia ser qualquer coisa menos o endereço de correio citado. Quem quiser arriscar abrí-lo, envie um comentário com e-mail que repasso tudo, mas sei que ninguém vai pedir, porque  estamos cansados de  receber  mensagens ofertando prêmios fáceis como esse.
Contudo, muita gente cai nesse truque, achando que o simples envio  dos e-mails recomendados garantirá uma oportunidade única de inclusão digital.  Como ficou dito em outro post, a cultura do gratuito, do fácil de se achar e ser baixado é predominante em muitos setores da internet. Afinal, o “prêmio” é um Ericsson T18, ou um R320, da linha de laptops Wap.  Não me dei ao trabalho de consultar no catálogo da empresa se esses modelos existem de fato, mas quem, como eu, esteve interessado pelo site da empresa assim que recebeu o e-mail, achou o que procurava, esclarecendo tudo (em tempo: este mesmo comunicado foi enviado para a corrente que recebi):
"COMUNICADO IMPORTANTE

O e-mail que vem circulando na rede durante os últimos dias, diz que a empresa estaria distribuindo laptops gratuitamente.

A falsa  mensagem vem assinada por Anna Swelund (anna.swelund@ericsson.com) ou Anna Swelung (anna.swelung@ericsson.com), que supostamente se intitula funcionária da empresa.

Esta funcionária, bem como a suposta promoção não existem.

A Ericsson lamenta que a Internet, um veículo tão importante para as comunicações globais, seja utilizada de maneira inescrupulosa, causando sérios transtornos à empresa e abusando da boa fé das pessoas.

A Ericsson esclarece à opinião pública que está tomando as providências cabíveis para identificar a origem destas ações fraudulentas a fim de responsabilizar os envolvidos

Agora, a mensagem da Equipe ARIS-LD (sim, eles responderam):
Essa mensagem é um hoax (boato) bastante antigo.

Seu conteúdo é totalmente falso, e o link leva para a página legítima de login do Yahoo Mail.

Att,
--
Fabio A. C.
ARIS-LD - Análise e Resposta a Incidentes de Segurança






sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Twittando, aos poucos

Desculpe a você que me lê pelo atraso em adentrar no Twitter. Sabe aquelas novidades das quais muito se ouve falar e a gente fica totalmente por fora? Comigo, aconteceu isso em relação ao "microblog", como o chamam. Acredito que os próximos meses me darão uma idéia mais clarificante sobre essa ferramenta da web 2.0.

Comecei, com atraso de mais de um ano, pelo post do Interney sobre o tema. Antes de lê-lo, já havia criado uma conta, mas só fiquei nisso.  No "following", havia apenas uma amiga.
Gostei do post, porque Edney não repassa um be-a-bá insosso de como usar o Twitter, mas vai de cara ao que interessa: como usar parte do potencial dele para convergir com "utilitários" aos quais já somos mais achegados, que falam a nossa língua, como o Msn, o Gtalk, etc. Na época, afirmou que "o twitter não tem um uso claro e definido", o que para mim, é uma verdade absoluta até o presente momento. Lendo o primeiro parágrafo, reparei que intuitivamente fiz o que devia ser feito, autodidaticamente: criei conta, importei uns contatos meus do Gmail que já tinham conta, usei e abusei do Find People, até porque, além de seguir alguns noticiários que acompanho, queria procurar também o link do programa Roda Viva. Por que logo o Roda Viva, um programa que em Feira pouco se ouve falar?

Ora, foi o Roda Viva que primeiro me inteirou de que o Twitter existia. Lembro-me de que nos bastidores da roda, em volta do entrevistado, o âncora (do qual não me recordo do nome no momento) apresentava entre outros participantes, os twitteiros que "cobririam" o programa para a rede mundial. De onde menos se espera, daí é que sai, já dizia uma canção...

Ainda não pus em prática 5 por cento do que o post orienta que se faça para otimizar a experiência como usuário, mas  chego lá.

Título o próximo post da série já tem: Twittando, aos poucos II.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Perigos na caixa de entrada

Quem não recebe quase que todo dia aquele e-mail em corrente e com anexo enviado pelo seu colega da mesa ao lado ou por um amigo que pegou a mensagem circulando? Não é novidade que por trás desses arquivos anexados podem existir muitas dores de cabeça disfaçadas sob a forma de mensagens edificantes e carinhosas. O pecado pode morar ao lado, afinal se pecado fosse feio e desprazeroso, ninguém pecava.  Aliás, o pecado pode vir anexado em seu e-mail. Muitas vezes, o que você vai ler ao som de uma bela trilha sonora vem, não digo para matar, mas com certeza para roubar e destruir.
Alguns setores especializados em segurança na internet já disponibilizam serviços gratuitos de envio de arquivos suspeitos para análise detalhada. Vou citar apenas um desses, que é o feito pela equipe ARIS - LD (Análise e Resposta a Incidentes de Segurança da Linha Defensiva) atualmente contando com cinco voluntários que, como informa Altieres Rohr, criador e editor do Linha Defensiva, são responsáveis "por receber e analisar e-mails maliciosos, cujo conteúdo normalmente leva a algum cavalo de tróia ou site criminoso". Trata-se de um trabalho que deveria provocar interesse massivo por parte dos internautas, mas ainda não é, e precisa ser mais divulgado. A proposta central da equipe ARIS é "alimentar o banco de dados da ferramenta BankerFix . O BankerFix, completa o editor, busca "remover os vírus brasileiros que roubam senhas bancárias".
Vale a pena colaborar

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Termos mais buscados no Google

Dando uma olhada nos termos mais buscados no Google pelos internautas em 2008 (1. Orkut - 2. Jogos - 3. Download - 4. Fotos - 5. Youtube - 6. Vídeos - 7. Músicas - 8. Música - 9. MSN - 10. Globo) não há dúvida de que o interesse maior das pessoas pela rede mundial ainda é pelo entretenimento. O site de relacionamentos do Google encabeça a lista, porque o interesse em ser visto e se ver cresce a cada dia, numa sanha insaciável por atualizações de perfil, fotos e por responder a recados muitas vezes inúteis de tão vazios. Os jogos online são um nicho tão rentável para os seus promotores, que eles têm sabido aproveitá-lo muito bem. Os produtores de malwares também. Não precisa de tese de doutorado para comprovar esse fato: minhas crianças em casa já me dão o sinal de que jogo online veio para atormentar a vida dos pais e enriquecer os fabricantes de pentes de memória. Se pudessem, elas varavam a noite jogando. Repete-se a mesma vaidade muitas vezes fútil dos orkuteiros, com os três itens seguintes (fotos, Youtube, vídeos). Quanto a downloads e músicas, para ambos, outro fenômeno causado pela indústria do entretenimento e da facilidade  na web se revela: a busca pelo que for bom e principalmente “free”, de graça. A indústria da pirataria e dos softwares “rackeados” é expandida em escala geométrica no ambiente colaborativo da internet. Sites de troca de arquivos se transformam em verdadeiros repositórios dos direitos autorais alheios, expostos de maneira liberada, sem regras. Da Globo, nem se fala, garanto que uma parcela ínfima dos que digitam essa palavra no Google estavam interessados em noticiário...O MSN que entra nessa lista só o está para reforçar tudo aquilo que os outros termos sugerem que se faça na Internet. De proveitoso, pouca coisa fica.

Conficker: atormentador, insistente e não pára de fazer vítimas

Segundo representantes do Conficker Work Group, o conficker tem a habilidade de se espalhar através das vulnerabilidades existentes em computadores com Windows. Há até um teste para saber se sua máquina está infectada. Clique aqui e confira. Se você conseguir visualizar as seis imagens dispostas na página web, seu computador não está infectado – ainda. Lá também são exibidas situações que podem ocorrer e que vão determinar a vulnerabilidade do seu Windows. E o pior: cerca de 10 meses se passaram, desde seu surgimento e o Conficker continua a desafiar especialistas em segurança.
Aprenda um pouco mais sobre os possíveis sintomas da infecção:
• Serviços do Windows (Update, Windows Defender e relatórios de erro) são desativados;
• As políticas de bloqueio de conta são redefinidas automaticamente;
• Os controladores de domínio demoram em atender às solicitações do cliente;
• Sites relacionados a softwares anti-vírus e Windows Update não podem ser acessados;
• As senhas de administrador são atacadas para a ajudar a espalhar o maware de maneira irrestrita no sistema.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Quer vender seu produto através da internet?

O consumidor está interessado em segurança nas compras on line. Aquele que se arrisca no comércio virtual, por sua vez, deve apostar em um setor específico do mercado. São algumas das conclusões de especialistas ouvidos numa matéria para o portal G1 Tecnologia e Games. O empreendedor deve buscar áreas ainda não exploradas para investir, buscando atingir a um público específico (ou, pelo menos, áreas pouco exploradas, uma vez que a concorrência do varejo on line é acentuada). Do outro lado - o do público consumidor - uma das grandes questões é: até que ponto minha compra se dará de maneira segura. E mais: o que me levaria a comprar um produto na internet? A resposta pode ser: não encontro um produto com as espeficações que desejo no comércio convencional. Mas também será que esse produto, do jeito que quero, será entregue com a total integridade e sigilo que anunciam? De uma forma ou de outra, paira a insegurança.
Então, temos dois planejamentos de segurança a serem ponderados ao se pensar em vendas pela internet: de uma lado, a segurança das informações pessoais, a priori; do outro, a segurança relacionada à credibilidade da empresa virtual. Enfim, investimento nesse quesito é fundamental.

sábado, 5 de setembro de 2009

EAD GRATUITA NO SENAI: INSCREVA-SE

Acesse www.senai.br/ead/transversais e inscreva-se em alguns dos cursos ali oferecidos. Estou terminando o de Tecnologia da Informação, mas há outros bons cursos lá.

sábado, 29 de agosto de 2009

Internet de quantidade

Computador em casa não é problema. O problema é ter em casa um computador. Família não cabe em um computador, por mais que a Positivo faça merchandising dos seus PC’s. Aliás, ninguém quer dividir o computador com outro e muito menos com os outros (aquele amontoado de gente dando palpite ao operador da máquina...). Assim como acontece há séculos com o livro de papel (a brochura, a leitura), o momento diante da máquina (seja para leitura, seja para operacionalizá-la) é individual. Por que você acha que os notebooks fazem tanto sucesso? Os interesses das pessoas diante dos computadores são muito diversos e sempre fica sobrando alguém insatisfeito em máquinas compartilhadas dentro do lar.

Suponhamos uma família relativamente grande e de classe “econômica”, com umas cinco pessoas: marido e mulher, mais três filhos em idade escolar. O primeiro transtorno da inclusão digital nessa família será o do tipo de conexão, porque em muitos casos ainda tem sido a pioneira banda estreita: a conexão discada e lenta. Mas esse quadro tem mudado, com a chegada de outras tecnologias de acesso bem mais rápidas e principalmente através da oferta de pacotes acessíveis ao poder aquisitivo das "classes trabalhadoras". O segundo transtorno é o preço que a gente para por TIC. Tudo continua muito caro em termos de acesso à tecnologia e à informação. E não se trata apenas de internet, mas de tudo o que a envolve, direta ou indiretamente. É o que comprova a Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação, de 2008*. De acordo com os dados colhidos, são caros tanto o computador, quanto a conexão à internet para os domicílios. Por fim, o terceiro transtorno: a falta de conhecimento. A ausência de habilidade do brasileiro com tecnologia é considerada a principal barreira, segundo os entrevistados.
Ponderando tudo o que foi dito acima, hoje, em muitos lares brasileiros a questão da qualidade fica bem aquém da quantidade. Refiro-me à qualidade na conexão - óbvio - e não à qualidade do que as pessoas estão acessando na internet . A quantidade de computadores conectados per capita é ínfima e mesmo nos locais onde o computador chega, tal chegada é pouco representativa, já que se dá numa proporção geometricamente inferior à demanda. O resultado disso é que antes de navegarmos na web, precisamos esperar na fila, seja na lan house, seja dentro de nosso lares.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Bíblia Digital

Marco Feliciano inaugurou a era das pregações com Bíblia digital. O nome correto do aparelho é “Bíblia Sagrada Digital” que, além de outros recursos, tem estes: “busca por livro, capitulo e versículo, função marcar, função salve suas leituras para consultas futuras, horários local e mundial”, calculadora e muito mais. Só não tem ainda conexão com a Internet, pode ser que já estejam pensando nisso. Custa em torno de 200 reais. Em 2009, num dos maiores congressos de missões do Brasil, ele introduziu na tribuna o aparelho, que não deve pesar mais de meio quilo, compacto, cabe até no bolso. Tecnologia à parte, a mensagem foi trabalhada pelo Espírito Santo. Feliciano não foi o único a modernizar os púlpitos pentecostais, pois Marcos Gregório, acho que do ministério Apascentar (vi na tv outro dia) já usa notebook nas pregações. O interessante foi que nas vezes em que o vi pregando com o computador,  pr. Gregório parecia consultar com muito rigor os escritos (os digitados) no púlpito, sem prestar muita atenção na platéia, onde com certeza deveria ter alguém que se incomodava com isso tanto quanto eu fiquei ao assistir de casa. Não estou julgando-o por nada, sua mensagem foi trabalhada, tem seu mérito.

A tecnologia parece estar mesmo chegando aos meios evangélicos. A Bíblia digital de Marco Feliciano abre espaço para empreendimentos diversos no setor, mas não é pioneira de nada, a não ser no quesito “equipamentos para pregadores e oradores”. Marco Feliciano, antes, desbravou o mundo da moda para o meio evangélico, ao criar – dizem - a sua grife. No seu site também tem lá um “GMF consórcios", que está na cara que deve ser "Grupo Marco Feliciano consórcios" ou algo muito similar a isso, do setor imobiliário. Não sei qual a participação dele nesses empreendimentos, nem me interessa, pois não estou o condenando por nada, ele está trabalhando, como todo homem que se preze.

Prosseguindo nosso passeio sobre tecnologias digitais no meio evangélico, podemos afirmar também que sites da Internet já se tornaram comuns, porque muito obreiro tem usado a rede mundial para auxiliar no ministério. Entretanto, algumas adaptações para o meio cristão soam estranhas ainda para os meus ouvidos neófitos. Algumas dessas adaptações beiram ao ridículo que só Deus para ter misericórdia: balada evangélica, alguns chats de "namoro evangélico" e o que eu nem tenho conhecimento ainda, mas que com certeza em algum lugar já estão fazendo de adaptação.

Quando essas coisas contribuem para o bem daqueles que amam ao Senhor, que sejam bem vindas! Pode ser o caso da Bíblia Digital, ainda que soe nesse começo de implantação um tanto o quanto pedante por demais, seja ela usada por Marco Feliciano ou por qualquer outro pregador. Pode ser o caso do chat, mas precisaria conhecer mais a fundo o sistema, no que também não estou interessado neste momento. Talvez seja só uma questão de acomodação das massas, levará um tempo para absorvermos tudo isso. O problema é quando essas inovações mascararam intenções escabrosas de desvio de conduta cristã, algo totalmente incompatível com o que está escrito na Bíblia. Com isso, fique bem claro, não estou atribuindo à obra missionária e empresarial dos pregadores nenhum caráter pejorativo ou maligno. Só estou atentando para o fato de que nem tudo o que absorvemos como inovador se torna necessariamente edificante do ponto de vista espiritual. Nessa seara, como em tudo na vida cristã, tem um papel fundamental a nossa vigilância.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Diários

"Roteiros. Roteiros. Roteiros” (Oswald de Andrade).


”Roteiros. Roteiros. Roteiros” (Oswald de Andrade).

Por sete anos escrevi diários. Tinha até uma marca “registrada” em cada caderno: “O diário esparso”. Devo ter tirado esse nome de alguma publicação literária lida. Como todo o resto da humanidade que se interessa por isso, a proposta era descrever a maioria dos momentos da vida, desde que os considerassem dignos de serem relatados para a posteridade. Peguei fases importantes nesse tempo, mas dá preguiça de resumir, pois soam tão ridículos hoje....

Nos últimos dois anos finais a produção do diário foi decrescendo, decrescendo, tornou-se esporádica e hoje desapareceu por completo. Este texto pode ser considerado o meu último no gênero diarístisco, se é que podemos classificar assim. Os cadernos foram ficando amarrotados, mal guardados que foram, enfrentaram mudanças de casa, mudanças climáticas e não resistiram à destruição: acabaram sendo destruídos pelo fogo.

Já não é simplesmente o ritmo de vida que levo o fator que me levou à perda do estímulo de escrever diários. Foi a consciência do escriba diante da folha de papel que mudou. Primeiro, pela questão da própria modernidade: o comportamento das pessoas foi sensivelmente transformado quando elas são colocadas diante de duas opções: o papel e caneta, de um lado; o computador, de outro. O armazenamento de informações na estante ou no quarto dos fundos perde cada vez mais espaço para o armazenamento no computador. Os processadores de texto estão cada vez melhores, há uma série de opções, tanto pagas quanto gratuitas (vide pacote Office, da Microsoft e o Open Office, por exemplo). Se o computador estiver conectado à Internet, pronto, mais um estímulo a pararmos de escrever muitas e muitas linhas e passarmos a digitar apenas o essencial para estabelecer uma comunicação rápida e, principalmente, instantânea com a outra pessoa do outro lado da “linha”. Com a computação em nuvem (cloud computing) mais uma facilidade alcançada: você não precisa mais armazenar seus dados - pelo menos o que você achar que não sejam comprometedores, no que se refira ao sigilo pessoal - no Desktop Pessoal ou Notebook. Deixe salvo em algum repositório da web, que pode ser até mesmo o espaço de armazenamento da sua conta de e-mail, para ficar na mais elementar forma de “computação em nuvem”, talvez a mais atuante até mesmo antes dessa onda cloud ser tão propalada. E mesmo se seu problema for o sigilo de dados, a criptografia pode ajudar a manter suas informações em segredo. Bem vindo à Web 2.0! Bem vindo também à Web 3.0, que também está sendo difundida!

Mas não posso culpar a internet pelo meu desapego aos diários escritos a mão. A naturalidade com que se processou essa ruptura deixou em mim a certeza de que outros gêneros literários farão mais sentido do ponto de vista social e ideológico e principalmente religioso. nem os diários eram mais importantes, como eu já não sou o mesmo e as coisas velhas ficarão para trás. Eis que tudo agora se fez novo.

Afinal de contas, tirando filólogos e historiadores quem mais se interessaria pela dissecação da vida manuscrita de outrem, ainda mais quando esse outrem é anônimo?


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um pouco de lógica euclidiana onde a tecnologia ainda não chegou


Saí da Bahia pela primeira vez há três dias. Estou no interior do Estado do Ceará. Riacho Verde. Televisão aqui é mais ou menos como um enfeite na estante. Só é ligada à noite e não até muito tarde, porque o povo dorme cedo. Cada casa tem uma parabólica. O que irônicamente é até um artigo de luxo em Feira de Santana aqui é artigo de extrema necessidade, porque sem ela ninguém pode ver televisão direito. Trouxe meu radinho de pilha para conhecer o sotaque radiofônico da região, mas foi em vão, não capta estação alguma por aqui, em meio a tantas montanhas ao meu redor. Trouxe dois celulares GSM, só um pegou, e mesmo assim, se andarmos cerca de um quilômetro, pegando uma estrada de chão, subindo a um local de maior elevação, digamos, “geológica”. Só um pegou e mesmo assim, precariamente. Formas de economia aqui, isso tem e são exemplares para os homens da cidade grande. A água chega através de um bombeamento elétrico que vai captá-la em uma cisterna um pouco longe daqui. Essa água é armazenada em baldes grandes e é usada para tudo, do beber ao tomar banho. Enquanto isso, gastamos água com superfluidades nas cidades!!! Outro exemplo de economia para subsistência: garrafas pet e tonéis armazenam o milho e o feijão colhidos aqui. Trata-se, logicamente, da estratégia abençoada de José do Egito: guardar os mantimentos que forem possíveis para a época de hostilidade climática. Por fim, também se economiza sabiamente aqui o gás de cozinha, usando-se o bom e velho forno a lenha.

Mas op que importa de tudo isso é consolidação do que eu não vislumbrava. Estar em Riacho Verde, depois de uma vida inteira sem aproximação, é uma vitória. Terra dos meus avós e terra de meu pai. Não deu tempo de conhecer a avó, que faleceu no começo do ano, somente o patriarca da família, homem acostumado ao ambiente, rústico, sem luxos, tipicamente um forte cearense do interior.

Por falar em forte, ocorre-me lembrar do clichê do Euclides da Cunha, que diz que o sertanejo é antes de tudo um forte. É um lugar comum, mas sintetiza bem este momento. Precisou eu viajar mais de horas de ônibus para que começasse a entender essa lógica do Euclides da Cunha. Só mesmo tendo uma resistência descomunal para os tornarem tão pacientes, tão esperançosos, tão abnegados de certas comodidades das cidades centrais. É um tipo de renuncia para a qual muitos de nós não estão preparados, inclusive este escriba.

(Riacho Verde, janeiro de 2009)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Exemplo de estratégia publicitária: a "fé" inteligente do bispo


“Então, já não seremos crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e para
lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela
astúcia com que eles nos induzem ao erro” (Carta de Paulo aos Efésios, cap. 4, vers.
14, Bíblia Sagrada, edição pastoral da Paulus)
Outra noite um conhecido bispo neopentecostal” de uma igreja brasileira comentou João 4.24 em seu programa diário numa rede de rádio. Com a objetividade no sermão de sempre, que é sua marca, disse que Deus não é uma pessoa, nem uma mulher, mas é Espírito. Até aí tudo bem. Só que ele disse isso com um tom de quem disponibiliza para seu público uma grande revelação, chegando a dizer que “a gente não sabia disso” (leia - se nós, porque ele já sabia...). Depois explanou a sua interpretação da segunda parte do citado versículo. Discorreu sobre o texto bíblico com aquela mesma linha de raciocínio que faz questão de pouco modificar ao longo dos seus anos de ministério universal: com a eloqüência que lhe é peculiar, ratificou a mesmice dos conceitos que tem sobre fé, inteligência e razão na vida do cristão da teologia da prosperidade. A repercussão dessas mensagens em seu próprio ministério é algo notável, pois com certeza em poucas horas os pastores liderados vão repeti-las, praticamente com idênticas palavras, algo já mecanizado. Com um bispo e um aparelho de comunicação desses, para que fazer reunião de ministério, se toda a orquestra já está afinada a distância? O sistema de ensino via rádio e TV - na modalidade EAD - liderado pelo bispo funciona muito bem, obrigado.
Mas voltemos ao versículo de João, segundo o bispo. Ele disse que os cristãos precisam adorar a Deus em espírito, ou seja, adorá-Lo com e pela fé, mas também – aí sim! – adorá-Lo em verdade, isto é com a razão, usando a “fé inteligente”. Inferência imediata que podemos tirar dessa lição episcopal: todo crente que tem uma fé em Deus diversa da que o bispo prega é uma fé burra ou, no mínimo, ignorante. Por outras palavras, o crente que persevera no aprendizado da Palavra, entende que passar por provação - deserto/vale/dias maus - é algo inerente à sua vida na terra (“no mundo tereis aflições (...) tende bom animo...”), mas leva uma vida no altar, permanecendo firme nas promessas de Jesus, simplesmente tem uma fé ignorante. Não se pode, segundo ele, agir com a emoção ou o coração em matéria de fé, pois somente a fé racional e inteligente faz com que as “grandezas de Deus” sejam concretizadas na vida do cristão. Para ele, se nosso Deus é um Deus grandioso, dono do ouro e da prata, ninguém deve viver uma vida de pobreza, de miséria, porque isso não é justo. Quando cumprimos a nossa parte com Deus, Ele é obrigado a cumprir a Sua, nos dando uma vida com abundância, expressão muito cara a esse pregador. Um dos “cultos” em que mais se enfatiza essa visão é o da prosperidade (que, a depender da denominação, pode levar nomes como “nação dos 318”, “corrente da prosperidade”, “reunião com os empresários”, “corrente dos 70 apóstolos”, etc). Nesses cultos, a pessoa sai com pelo menos uma convicção: se é pobre, se está na miséria, se está endividado, etc. é porque está com a vida errada diante de Deus, não vem sendo fiel a Ele. Ademais, nota-se nos últimos anos, em cultos como esses, que o discurso do teólogo da prosperidade vem se metamorfoseando de tal forma, que chegamos a pensar que se encontra em processo acelerado de “sincretismo”, se é que se pode caracterizá-lo assim. Afinal, o que pensar de um discurso constituído basicamente pela incorporação de clichês filosóficos, científicos e empresariais ao campo sagrado das coisas espirituais? Talvez esse remanejamento discursivo tenha sido provocado pelo exacerbado interesse evangelistico voltado para o público potencialmente empresarial, que é a classe em que melhor se observa a materialização das “grandezas de Deus”, na acepção da teologia da prosperidade. O tipo de fé que certos pastores de grandes rebanhos defendem é uma fé de resultados. Mal comparando, seria mais ou menos isto: assim como as empresas trabalham com vistas à obtenção de balanços positivos, numa busca pelo equilíbrio entre o custo e o benefício para agradar aos investidores, na otimização de serviços, os adeptos da teologia da prosperidade trabalham em prol do sucesso material, alcançado graças a uma fé inteligente num Deus que tudo pode fazer na terra, no tocante à vida financeira. É um tipo de fé prática, eficiente, uma fé com padrão ISO 9000. Se fosse um programa de pós-graduação em fé inteligente, levaria nota máxima da CAPES. Todos os aparelhos de comunicação dessas igrejas engajadas nessa corrente atuam na quase perfeita harmonia para esses fins, que nem sempre têm os meios justificados.
Antes que me perguntem, não tenho absolutamente nada contra o referido bispo, até admiro muito o seu trabalho missionário, pois não se pode negar que muitas vidas foram e continuam sendo ganhas para Jesus ao longo de décadas de ministério. Fui praticamente criado assistindo aos cultos de igrejas desse tipo, já que alguns de meus familiares são membros delas, desde que tinha meus seis ou sete anos de idade. Foge da minha alçada e da minha competência dissuadir qualquer cristão de sua crença. Também sou cristão e tenho as minhas. Amparado no direito constitucional da liberdade de crença, de religião e de expressão, apenas tentei expor os fatos da maneira como os interpreto, da mesma forma como não só o bispo neopentecostal, mas qualquer pessoa que queira poderá também fazê-lo, tanto no que se refira aos textos bíblicos, quanto a qualquer outra enunciação, de qualquer natureza. Mas assim como o bispo defende a sua fé, precisava também defender a minha. E percebi que a minha não se encaixava no padrão doutrinário de fé formulado pelo teólogo para a sua igreja.
E você leitor, onde se encaixa a sua fé?