Não estou muito familiarizado com esse ramo da Psicologia em Informática, nem quero estar por ora, mas é alarmante o aumento do número de dependentes eletrônicos. Celulares, games e computadores conectados à Rede mundial estão prejudicando o desenvolvimento educacional de crianças em fase escolar. Não os aparelhos em si, óbvio, mas o uso desgovernado desses, provando-nos mais uma vez que o que torna uma tecnologia maligna não é a sua existência/criação em si, mas a nossa relação com ela. Estima-se que até 10% da população incluída digitalmente (entre os 12 aos 18 anos) esteja hoje dependente de tecnologia. Isto quer dizer que tais pessoas não conseguem se abster do uso do celular, não se privam de checar a caixa entrada de e-mails, o microblog, o Orkut , etc, em intervalos de tempo cada vez menores. Trocando em miúdos, quem não tem perto de sua casa, ou dentro de sua família, aquele grupo de infanto-juvenis que tão logo acabem de chegar de uma festinha qualquer onde tem sempre alguém que leva uma câmera digital para fotografar e filmar o que puder ser clicado, e no dia seguinte, não corre ávido para o computador afim de postar tudo no Orkut e nas outras redes sociais??? Por trás do maciço interesse de se mostrar e principalmente o de ser visto, existe a compulsão por tecnologia, em estágio brando, mas que não deixa de ser dependência eletrônica. Ah, claro, sem esquecer do Msn, para fazer o marketing viral da última postagem de fotos...
Tudo isso me leva a crer que nós, pais, precisamos levar nossos filhos para belos passeios educativos: o primeiro deles, para o "parque onde não tem wi-fi", depois para o "circo que não pode ser postado" e depois passar por aquele "diálogo que não pode ser blogado" , ou pelas "agruras de uma vida real não tuitada" e, por fim, passar um belo "dia sem tecnologia alguma", como em um daqueles piqueniques na beira do rio da nossa memória de antigamente. Tudo isso me leva a crer que nós, sociedade (pessoas de carne e osso em meio a um amontoado de instituições e de valores), devemos tratar tecnologia (da informação e comunicação) como um acessório adicional dentro da nossa grande teia de relações interpessoais, e somente isso, para que as nossas relações "interpessoais" virtuais não passem mesmo de ser o que elas são, virtuais, algo como uma espécie de cabide ou suporte, às vezes bastante descartável, dos verdadeiros relacionamentos entre pessoas que se conheçam de alguma forma.
Já temos bastantes agrupamentos anônimos de recuperação de viciados, não precisamos de mais este. Conectados sim, mas não isso pode ser a regra.