sábado, 23 de outubro de 2010

Para quê urna eletrônica se o povo ainda não sabe votar?


Olá a todos. Foram quase dois meses de recesso forçado. Outras demandas preencheram meu tempo. Eleições. Certames. Leituras.
Estamos em meses eleitorais e sem novidades. Nunca antes na história deste país a imprensa esteve tão comprometida em… tomar partido do seu partido. Claro que não é a regra, mas se deixassem, bem que poderia ser. Por outro lado, nunca antes na história recente deste país houve tanto crente e descrente ponderando questões polêmicas (que envolvam moral, conduta ética e questões de cunho religioso) na hora de decidir em quem votar. Lógico, é um reflexo da difusão em massa das tecnologias da informação e comunicação. Tanta informação disponível, tanta boca de urna nas redes sociais, tanta reportagem cheia de boas intenções, tanta tecnologia facilitando a comunicação e será que isso tudo tem refletido na consciência de cidadania de alguns eleitores? A resposta é não. E podem me chamar de preconceituoso e precipitado que não mudo de idéia.
Nem vou entrar no mérito de ser a urna eletrônica um avanço e tanto para o aperfeiçoamento da nossa democracia. Isso é incontestável. Acontece que tem eleitor que, se antes achava fácil votar, pois bastava chegar à sessão, rabiscar de “x” o papel e estava acabado, agora o eleitor confuso se embaraça no negócio dessa vida de ter que votar em um computador!
Acompanhei dois casos que irão ilustrar e encerrar minha participação neste post. No primeiro turno, um bêbado veio votar com a filha adolescente. Isto é, a filha veio votar por ele. Ela o acompanhou durante todo o processo. O bêbado foi embora após ter assinado a folha de votação, que foi o único trabalho que ele teve, já que mal se aguentava das pernas. Com certeza deve ter contribuído para perpetuar no poder os mesmos nomes dominantes de políticos improdutivos (mas que podem investir em boas campanhas). Até aí menos mal. Eles – pai e filha - conseguiram terminar tudo a tempo de não se tornarem aborrecíveis para o pessoal da fila.
Mas o segundo caso me chocou mais. Um açougueiro fez vergonha à nação brasileira. Se ele tivesse chegado somente sem a cola eleitoral, seria menor o nosso trabalho, bastaria lembrar dos nomes que consultaríamos no livro de candidatos. Mas não: primeiro, ele não sabia exatamente em quantos candidatos precisaria votar. Depois que soube que seriam seis nomes, bufou e reclamou muito até enfadar os outros. Porém, outro martírio se iniciava para os mesários: ele simplesmente não sabia número de candidato algum, nem os que tinham apenas dois dígitos. Após quase meia hora nesse imbróglio, eis o açougueiro indo para a cabine de votação, confessando que chutou todos os seis nomes na hora, só bastando a mesária dizer os respectivos números para o rascunho que ele fez.
Isso sem falar nos outros tantos de eleitores feirenses que se aproveitaram da ilegalidade de se espalhar “santinhos” pelas vias públicas e foram formando a sua “cola eleitoral” no caminho para a sessão de votação.
Isso serve para demonstrar que a nossa capacidade de retroceder em meio a tanta evolução continua ativa.  BlogBlogs.Com.Br