segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Software Livre, Nuvem, Estado, Vida Online: caminhos e descaminhos


Quando penso em software livre (SL), bem, é algo bobo, mas  me vem à lembrança o post  de um membro desses foruns do Orkut que falava justamente sobre a inviabilidade econômica de se aderir ao SL. Lembro que o cara recebeu uma saraivada de críticas por simplesmente defender sua opinião no tal forum, provavelmente de defensores ferrenhos do software livre. Mas acredito que ele tinha razão em grande parte e recebeu críticas dos muitos usuários domésticos de SL, que são os grandes adeptos desse tipo fundamentalismo que encara  empresas como Apple, Adobe, Microsoft, etc, como vilãs  monopolizadoras. Sim, porque há que se diferenciar o usuário comum do usuário desenvolvedor, que ajuda a aperfeiçoar o código, aquele que é o grande responsável pelo crescimento do ambiente colaborativo de onde afinal toda essa corrente libertária, a partir de Linus Torvalds, foi gerada e amplificada. Em suma, poderíamos dizer que aderir é fácil (usufruir melhor ainda), o difícil é programar, dar suporte de graça, dar garantias para as grandes empresas de que a qualquer bug provável ou improvável se encontrará à disposição uma equipe bem treinada para solucionar os problemas. Ou seja, quem assumirá a responsabilidade quando a estrutura montada em código aberto der pau? Quantas pessoas ficarão não mão se isso acontecer? A questão de se implantar ou não o software livre em empresas privadas ou públicas, por incrível que possa parecer a muitos defensores, ainda é mesmo uma questão (do que  chamam) de "custo total de propriedade", que, grosso modo, pode ser entendido como a antiga relação custo-benefício em se implantar nova tecnologia numa corporação. Por exemplo, de que adianta eu mudar a plataforma de minha empresa, deixando de pagar por licenças e aderindo ao open source se, no fim das contas, vou gastar a mesma coisa ou bem mais com pessoal qualificado para manutenção do data center criado?
Basicamente, o que foi dito acima veio a propósito de uma palestra proferida hoje por Camilo Teles, representante do Estado Baiano, na área de empreedendorismo de TI (Secretaria de Ciência e Tecnologia). Intitulada oportunamente de "Software Livre - Caminhos para a Inclusão Digital", Teles faz uma panorâmica breve de como anda a situação da implantação de software livre nas instituições públicas baianas e de brinde ainda comenta aspectos relativos à computação em nuvem, plataformas online, "vida dentro do browser" e gerenciamento de sistemas open source em ampla escala.
Numa visão geral da questão dos monopólios de TIC hoje em dia, percebemos que empresas como Microsoft e Apple podem ter suas expectativas mercadológicas frustradas tanto devido ao crescimento do  software livre como pelo da computação em nuvem. Por outro lado, perpassa também a ausência de certas garantias nos aplicativos criados para a web. Afinal,  a nuvem parece chegar a nós como a bola da vez, mas até que ponto devemos confiar plenamente em suas potencialidades? Ironicamente, é uma pergunta que vez por outra já vinha esboçando neste blog, ao comentar fatos como o das panes do Gmail que causaram insatisfação mundial. Camilo foi muito feliz ao usar a expressão "vida dentro do browser" para qualificar toda essa onda gigantesca de mudança de uma mentalidade (que posso chamar de) "offline" que nós tínhamos (o usuário e seu repositório pessoal no desktop) para esta atual "vida online", onde ninguém existe se não estiver conectado ("disponível"). Por outro lado, Camilo atentou para a outra face da moeda: cada vez mais vida online e vida offline estão mais próximas., no sentido de que está ficando muito sutil a fronteira que separava os seus dados pessoais dos  dados disponíveis e expostos na web. Afinal de contas, o que você acha que recursos cada vez mais usados como os do Google Docs e os do Gmail - para não citar tantos outros  - estão fazendo com a sua vida? Como você acha que eles usam e usarão sua intimidade revelada, seus anseios, suas conversas, enfim, toda a sua produtividade nessa sua vida online? Até que ponto eu posso ter a garantia de que os monopólios criados pela computação em nuvem não irão usar a minha dependência contra mim mesmo? São perguntas que nem mesmo a simples realização de backups frequentes dessa sua nova vida lhe deixariam completamente a salvo.
É de se pensar...

2 comentários:

  1. Computação nas nuvens é na minha opnião como todas as outras coisas, uma onda passageira (pode ser que fike), depois vem outra. Sobre o software livre, acho q se fosse para pegar ja teria pego, a anos q vem anuciando a futura supremacia do linux e isso nunca chega, não podemos esquecer q nosso mundo eh captalista e se for para trabalhar de graça entaum quero todo resto de graça tambem.

    ResponderExcluir
  2. Alberto, o que nós devemos ter em mente é que em informática, nada é garantido. Pagar ou não uma licença, não garante que você terá seus problemas solucionados. Se você olhar qualquer licença de software vai ver que nada é garantido. Todos os softwares são providos "as is", ou no estado. Heheh Outro detalhe, software livre não necessariamente é gratis. Veja a RedHat, vende software livre e lucra uma fortuna. O software livre deixou de ser apenas ideologia. Hoje é um modelo de negócio que permite que pequenos concorram com grandalhões. O que o software livre te dá a mais que o software proprietário é liberdade. Se você quiser adicionar uma funcionalidade em um software, você pode optar por fazer você mesmo (usando mão de obra da sua empresa, por exemplo) ou contratando uma empresa externa ligada ao projeto do software ou não. No mais, muito bom o texto, vou adicionar seu blog no meu, tabugado.com.

    ResponderExcluir

Fique à vontade para comentar