Escolher um freelancer que forneça conteúdo textual pelo critério da qualidade aliada ao preço é uma das tarefas mais terríveis que se tem. Há sempre o risco de o prestador de serviço achar que todo gestor de conteúdo é uma montanha de pedra insensível aos apelos das suas beletrices. Há sempre o risco de acontecer injustiças de ambos os lados: tanto o gestor pode se aproveitar do "ensejo licitatório", pagando menos a até quem merecia mais, como o produtor pode se aproveitar do ensejo da bem-aventurança de suas "veleidades literárias" e ser bem pago por algo que merecia menos.
Escolher pela qualidade talvez nos faça medir os freelas por cima. Escolher pelo preço talvez nos leve a medi-los por baixo. Talvez tenha sido por isso que uma pessoa certa vez me disse que se fosse para escolhê-la pelo critério "da melhor proposta orçamentária" melhor seria que ela ficasse de fora, pois não se sujeitava a isso, já que - na concepção dela - tinha um currículo dos mais diferenciados do mercado. Porventura, esse redator quisesse que eu me valesse do "conjunto de sua obra" (ilustre desconhecida, como a minha), abraçasse a sua causa, comprasse as suas ideias e não apostasse no novo.
O problema desse pensamento é que corremos o risco de nos supervalorizarmos excessivamente, como se a promessa do novo não valesse de nada...
Tudo isso são conjecturas para ratificar que não é confortável o papel de selecionar freelancers para projetos de pequeno porte na área textual. Em meio a essa encruzilhada de decisões que ambos os lados devem, a todo o momento tomar, tomemos sempre nota de algumas verdades constituídas como as que se seguem.
1. Existe o "post sustentado"
Esta é alternativa mais aconselhável para quem quer manter uma constância em seu projeto, não somente aquela constância oriunda de seus próprios méritos ou, principalmente, aquela que dependa da sua disponibilidade de tempo. Porque se depender somente de ambas ou de uma dessas coisas, o negócio pode se complicar...
É o tipo de produção de conteúdo que, necessariamente, tem que ser pago, a unidade, o pacote, a empreitada mensal, enfim, negociada do jeito que cada um achar mais conveniente ao seu bolso.
Trata-se de uma modalidade bastante salutar e lucrativa quando um blog/site já consegue garantir o seu sustento mensal, mas é extremamente problemática para os gestores que ainda estão sendo os principais provedores financeiros do seu projeto.
Sabemos que de boas intenções o inferno está cheio. E não se iluda: por mais que o freelancer compre a sua ideia, vista a sua camisa, creia que 95% do seu envolvimento será motivado pelos dividendos que poderão ser gerados para ele.
2. Existe o "post que se sustenta"
O freelancer pode produzir determinado tipo de conteúdo que se auto-remunera, digamos assim. Tenho experiência com blogs desse tipo: você escreve o seu artigo/matéria/notícia/chame-do-que-quiser e o post se transforma em uma espécie de vitrine de si mesmo. Ele é produzido com a perspectiva de se tornar o repositório dos seus próprios anúncios, muito eficaz para quem é afiliado de plataformas como o Adsense, e mesmo assim se o seu portal já possui alguma boa reputação no Google - afinal, poucos projetos hoje em dia se sustentam se não tiver as visitas que o Google envia. O conteúdo é divulgado frequentemente e ele passa a se sustentar, especialmente pela potencialidade de gerar conversões monetárias a cada acesso. Já tive e tenho resultados de posts que publiquei nessa modalidade que até hoje rendem dividendos, poucos, aos centavos, mas não deixam de ser dividendos.
Não sei até quando isso vai durar, uma vez que a internet possui muita coisa da caixa de Pandora. Tem muita gente hoje supostamente ensinando como ganhar dinheiro com afiliados e infoprodutos, mas tenho muito receio de - tal como aconteceu nos primórdios da internet - outra bolha possa vir a ser "pocada".
A principal vantagem é que o gestor de conteúdo se exime da responsabilidade mensal de pagar pelo conteúdo produzido pelo redator e a outra vantagem é que se trata de uma modalidade de escrita de postagem altamente rentável quando o blog/site é "famoso".
Uma possível desvantagem é a incerteza ao quadrado: o blogueiro/jornalista/articulista/chame-do-que-quiser produz seu material ao sabor de suas convicções, disciplinando-se para isso ou não, porque seu conteúdo não vai gerar uma renda exata e predeterminada por mês, servindo mais como um "pé-de-meia" (uma reserva futura de recursos, que em um futuro distante ou não poderá gerar alguns dígitos na sua conta bancária). A outra desvantagem é que se o site/blog não for um campeão de acessos (ou se ficar naquela média em poucos e constantes acessos diários), as chances de conversão podem se tornar ainda mais demoradas.
3. Existe o post que se sustenta e, ao mesmo tempo, é sustentado.
É simples: o freelancer vende o seu texto, o gestor paga por ele, o qual, por sua vez e em curto prazo vai gerar o lucro desejado (ou, na pior das hipóteses, pagará o investimento inicial), mas só vai gerar se o texto tiver mesmo alguma relevância. É vantajoso para o blogueiro pelo acerto prévio de contas, e vantajoso para o gestor.
Hoje, infelizmente o que vejo é um milhão de posts que possuem um ar de coisa boa, nova, inusitada, mas que quando é aberto para ser lido se revela como sendo pior do que uma merda. Ou seja, foi feito para gerar lucro, principalmente com o Adsense, foi feito com base nas estatísticas que nós, os pobres e ingênuos visitantes de páginas através do Google, produzimos. Espero que as buscas do Google ajudem a limar essa classe de textos da internet, pois talvez seja a única maneira que os escritores da web terão para se esforçar ao máximo para escrever realmente coisas que possuam, pelo menos, alguma qualidade gramatical. Por outro lado, eu sei que também não sou o primor da gramática, mas tem alguma coisa que precisa imperar nos textos de hoje, que soe melhor do que estão soando hoje nesses "museus de novidades" achados em milhares de blogs.
À guisa de conclusão de pensamento, apenas lembro que nossa intenção é paulatinamente vivenciar essas verdades como se fossem processos de uma trajetória. Trajetória essa que não vai dar em um lugar exato, nem em uma última verdade acabada, mas tão somente em outro processo que, espero, seja melhor para os próximos freelancers...
segunda-feira, 2 de abril de 2012
sexta-feira, 30 de março de 2012
E se a internet fosse um lugar físico?
A blogosfera possui uma gama de blogs e páginas com utilidades diversas. Este blog é um dos bons exemplos. Na internet os temas variam desde um blog de um delegado que escreve alertando contra crimes virtuais a um vídeos tutoriais para quem deseja aprender a culinária árabe. A viagem pelo mundo dos blogs geralmente nos leva para os mais acessados, os mais vistos e o mais amigos dos SEOs. Não que estes sejam menos importantes. Se fossem não seriam tão famosos. O fato é que existe muita vida inteligente na periferia, bastaria que a gente modificasse o nosso ângulo de visão e tomasse consciência de que:
1. Entrar na rede é como se estivéssemos caminhando por uma cidade.
Vamos ser mais práticos. Visite o Rio de Janeiro ou Feira de Santana. Os grandes lugares da internet seriam os grandes lugares de uma dessas cidades. Praias de Copacabana e Ipanema, Cristo Redentor, entroncamento rodoviário, Casa do Sertão, Central do Brasil e até as favelas (a analogia para as favelas seriam os sites populares de humor fácil; e que esta afirmação não carregue nenhuma distinção de classes, por favor). Caminhando pela cidade existem as ruelas e travessas às vezes desertas, às vezes um pouco movimentadas. Nelas, apesar de serem lugares menos vistos e uma pré-concepção de desvalorização existem algumas coisas bem válidas. Algum bazar com coisas interessantes, algum antiquário com algum item relevante para alguém, algum sebo com livros de autores talentosos e desconhecidos.
2. Muitas vezes, devemos entrar em um site de buscas como se estivéssemos procurando uma criança.
Nessa caminhada pela “cidade” ( pela rede ), alguns blogs (lugares) são como “travessas virtuais vazias”. Então, é possível povoá-las... Entre em um site de busca como se estivesse procurando uma criança de traços comuns no meio de um parque de diversões. Contra todos os nada democráticos sites de pesquisa encontram-se relíquias. Portais regionais são bons exemplos disso. Sites com boas crônicas, outros com utilidades para qualquer pessoa, para qualquer idade, para qualquer profissional.
Se a internet fosse um lugar físico talvez esse lugar fosse facilmente inundado, talvez tivesse menos graça. Talvez até fosse um lugar comum e nem tão fácil de achar. Como não é, sugiro que o internauta busque.. Com uma dedicação preciosa consegue-se perceber que há muito mais vida inteligente do que imaginamos a nossa vã pesquisa de cada dia.
Thiago Kuerques e Alberto InfoWebMais
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