Quanto tempo você vai levar para ler este artigo?
"Estamos no limiar de uma nova era (sem misticismo!) em que tudo o que a gente diz pode ser revisado e atualizado, portanto corrigido - ou ratificado". Certamente você já ouviu alguma frase de efeito em algum lugar, não só na academia. Esta, até que me provem o contrário, eu acabei de inventar, mas também quero fundamentar nesta poucas linhas que me restam.
E tem toda a razão - a afirmativa. Por isso que a Blogosfera é o melhor livro digital que a internet pôde inventar, que me perdoe o inventor do blog, o qual, segundo acabam de me dizer, foi Jorn Barger. Pena que não seja todo o tipo de literatura que tende a atrair a atenção dos leitores de blogs... Duvida? Então escreva um romance na blogosfera? Se tiver sucesso, me conte a experiência, que humildemente vou abaixar a cabeça. No mínimo, poderá ter sim, mas se for destrinchando a historia aos goles, bem homeopáticos, porque temos a estranha mania de ler superficialmente por estas bandas.
Mas sou levado a crer que em blogs acontece um pouco do que Dalton Trevisan tentou, de certa forma, transpor para a literatura tradicional (acabei de rir com isso: "o prefácio do microconto só suporta uma vírgula"), ao ser adepto de um tipo de narrativa a que todos classificaram como microconto. Suspeito que ele matou ali a charada do mundo moderno, reconhecendo que por nossa falta de tempo é melhor optar por uma leitura rápida. Graças a esse tipo de precursor, hoje é uma maravilha twittar, pelo menos para mim, pois o Twitter atende a um pré-requisito primordial do homem moderno: é importante obter a informação sim, mas pode não ser tão importante assim precisar acessar aquele link relacionado a ela, para se aprofundar. Da mesma forma, é imprescindível fruirmos com a leitura de uma "Missa do Galo", de Machado de Assis, mas será que não tem como "twittar" esse conto? Hoje já tem como, com prejuízos, mas tem como.
Vou encerrar este post, para não pecar na mesma proporção de tamanho do texto. Umberto Eco me ensinou nos seus Seis passeios pelos bosques da ficção que, em uma narrativa, existem pelo menos dois tempos a considerar: um é o tempo empírico da leitura e o outro é o tempo da ficção. Ambos geralmente não são muito lineares. Porém, na blogosfera, que prima muito pouco pela característica ficcional e está bem mais ligado ao pragmatismo da vida, é bom que a gente se acostume a linearizar esses tempos.
Ou seja: o leitor parece gostar quando o tempo ele levou para ler um texto seja quase idêntico ao tempo "ficcional" do mesmo. Gosta ainda mais quando lê um post em um tempo tão rápido quanto o que ele vai levar para aplicar os conhecimentos adquiridos.
Ah, o cronômetro do meu celular me informou que levei basicamente um minuto e quarenta segundos para ler rapidamente esta postagem.
Acho que estou na média...
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