sábado, 15 de dezembro de 2012

Passeio pela cultura de massas no Facebook


‎"[...] estou totalmente de acordo com um dos ideiais de Marx, que afirma que, quando uma desordem na sociedade tiver suprimido a divisão de trabalho, não haverá mais escritores ligados às suas pequenas particularidade de escritores e, de resto, mineiros ou engenheiros, mas existirão homens que escreverão e que, aliás, farão outra coisa, e escreverão nesse momento porque a atividade de escrever é uma atividade absolutamente ligada à condição humana: é o uso da linguagem para fixar a vida. É, portanto, uma coisa essencial.

Mas ela não deve, precisamente por isso, ser entregue a especialistas – atualmente ela é entregue a especialistas em razão da divisão de trabalho -, mas na realidade, seria necessário conceber homens que fossem polivalentes. Não sei se é realizável. É um outro problema." (Sartre - Não Se Devem Procurar Super-Homens: recusou o Prêmio Nobel de Literatura em 1964)
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  • Você e Adilton Dorival Leite curtiram isso.
  • Alberto Vicente Sinceramente, é concebível uma sociedade sem divisão do trabalho? Tenho muitas dúvidas quanto a isso. Seria como se você, que por ofício gosta e sente que tem habilidade de escrever ser trocado por alguém que é completamente inapto para a atividade? Pa...Veja mais
  • Alberto Vicente Mais banalizado do que já está, digo.
  • Alberto Vicente Entenda-se: não estou dizendo que escrever é um ofício extremamente nobre, só possível de ser feito por "especialistas no ofício". Só estou dizendo que não existe nada de mais se Deus deu a Dostoiévski um talento que um mineiro que trabalha 50 horas por semana não consegue ter, nem com muito treinamento e leitura. Pra mim divisão de trabalho é salutar, independente do que Marx pensa.
  • Marcelo Vinicius Mas acho que é isso mesmo que ele diz sobre a banalização: não haverá mais escritores ligados às suas pequenas particularidade de escritores. E que existirão homens que escreverão e que, aliás, farão outra coisa. Não usaram da escrita por futilidade ou pra ganhar um Nobel. A atividade de escrever é uma atividade absolutamente ligada à condição humana. Seria mais por necessidade que por status.
  • Alberto Vicente Sim, meu caro, todo mundo tem necessidade de "dizer", mas pergunte a esse "todo mundo" quantos têm necessidade de "escrever". O fato é que a escrita, embora esteja cada vez mais intricada como você diz na vida da gente (a internet que o diga) ainda não...Veja mais
  • Alberto Vicente São coisas para se pensar. As redações de vestibulares e concursos são outro bom exemplo de que a escrita, embora eu concorde que seja - como você lembra bem - uma necessidade humana, é ainda precariamente dominada por muitos jovens que na vida social são perfeitamente bem articulados.
  • Alberto Vicente "Não usaram da escrita por futilidade ou pra ganhar um Nobel". Concordo com você, mas em parte:
  • Alberto Vicente Muita gente usa a escrita por futilidade, basta você abrir todo dia as redes sociais e tantos e tantos blogs e sites. Mas não considero futilidade você ou eu ou quem quer que escreva com esmero (quando a crítica reconhece isso) seja premiada com alguma coisa, como o Nobel.
  • Marcelo Vinicius Eu acredito ainda que ele não toca na ideia de que todo mundo tem que escrever. Mas na visão dele socialista, o escritor não seria visto como uma instituição sagrada. Como mesmo ele diz: uma coisa é dizer: "Sou Sartre" outra coisa é dizer: "Sou Sartre prêmio nobel". Ele ver a escrita como uma necessidade e não como um estrelismo à lá Crepúsculo.
  • Alberto Vicente "Eu acredito ainda que ele não toca na ideia de que todo mundo tem que escrever. Mas na visão dele socialista, o escritor não seria visto como uma instituição sagrada". Eu entendo seu ponto de vista, mas, embora eu adore ler, e ler muito, sempre que po...Veja mais
  • Marcelo Vinicius Sim. Mas a autora de "Crepúsculo" você a ver também assim? Percebe onde quer chegar?
  • Alberto Vicente kkkk, nunca li na sobre essa autora, nem essa obra, desconheço o contexto...
  • Marcelo Vinicius Nunca ouviu falar nessa obra? Filmes, TV Globo etc fala dela e seu personagem vampiro!
  • Alberto Vicente A cultura de massa, Marcelo Vinicius, sempre vai eleger as suas estrelas. Isso faz parte do showbizz. Ainda bem que existem pessoas como você, que fazem justamente o percurso correto da apreciação cultural: antes de digerir os enlatados, põe o sal da consciência em cima de tudo
  • Alberto Vicente eu estou dizendo que nunca "LI" "Crepúsculo" Mas já assisti sim, não tenho nada contra o filme, mas nunca li nada a respeito, nem a obra que o gerou, nem a fortuna crítica de filmes como esses ou Harry Potter, que é outra franquia milionária da cultura de massas de hoje.
  • Marcelo Vinicius Entendo. Pois é. Ainda bem que você também pensa assim. E acho que o Sartre queria dizer algo parecido, mesmo pelo viés do socialismo. Mas isso é uma conclusão minha. Até porque não o li no seu contexto. Ele só se referia ao prêmio nobel que ele mesmo recusou.
  • Alberto Vicente Você, com certeza, está muito mais a par da doutrina socialista do que eu. Eu sou mais "pragmático", digamos assim, rsrssr. Mas não digo sempre, mas quando dou de cara com discursos que colocam esses ícones campeões de bilheteria, best selles, como Crepúsculo, Harry Potter, Paulo Coelho, e tantos outros que parecem demonizar os milhões que eles ganham com essas obras, parece um pouco um discurso ressentido... Mas estou sendo preconceituoso. Mas na verdade, concordo com você, quando diz que esses produtos culturais subestimam o indivíduo, essa coisa da globalização, o senso comum, etc,etc. Sofro às vezes com isso, porque muita coisa de que gosto hoje, aos olhos de alguns próximos, parece "coisa de gente velha", como tentei falar outro dia no meu blog (infowebmais.blogspot.com). O povo simplesmente acha que o certo é achar que o certo é isso tudo que está aí e que não existem outras vidas debaixo do sol. É lamentável mesmo.
  • Marcelo Vinicius Não é ressentido. É, no meu caso, o fato: muitos dessas culturas de massa subestima o sujeito, deixa o sujeito deslocado de qualquer contexto sócio-histórico, pontuado por conteúdos de frases-feitas, idéias e temas do senso comum e histórias sem profundidade que beiram o risível. Nisto, o indivíduo é apenas um consumidor que deve seguir a receita sem questionamento e sem reflexão.
  • Alberto Vicente Valeu, Marcelo Vinicius, enfim uma discussão inteligente numa rede que, apesar de quase nunca usar, gosto muito. Até a próxima.

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