domingo, 29 de novembro de 2015

Como fazer cristianismo social na igreja - parte 4

A experiência que tenho como membro de igreja evangélica é simples e pode ser descrita no coletivo: entramos para seguir a Jesus e aos princípios doutrinários daquela denominação, e geralmente nos acostumamos a ser crentes passivos.
Afinal de contas, existe em qualquer igreja uma cúpula geralmente liderada pelo pastor local, o qual está imediatamente subordinado ao pastor setorial, que por sua vez está sendo conduzido por um pastor maior e assim por diante. Acabamos nos conformando com o nosso papel de simples contribuintes da "obra de Deus", e não nos importa o que a denominação fará com aquele dinheiro. Meu Deus, e se as igrejas brasileiras fizerem como os políticos brasileiros? Se os "caciques" passarem a abrir contas no exterior, acumular capital e mais nada?
Eu teria certo receio de viver num país em que uma "lei da transparência" passasse a vigorar para as denominações religiosas. Acredito que muito do que fosse divulgado acabaria desviando muita gente. Mas muita coisa certamente seria sonegada...
Não quero criticar uma congregação, mas a maioria delas. Apesar de crente e um pouco visionário, sei que nada vai mudar no status quo que aí está. Mas sonho com pelo menos um dia em que as prestações de conta das igreja caminhassem passo a passo com pelo menos a fiscalização crítica.
Reconheço que determinados "trabalhadores" da obra de Deus deveriam ser remunerados. Já fui tesoureiro de igreja e começaria dizendo que o primeiro a ser remunerado (nem que fosse com uma ajuda de custo) seria o tesoureiro. Quantas não foram as vezes em que me via em apuros financeiros? Depois desse servo, viria pelo menos o pastor e o pastor auxiliar. Esses três servos, e alguns outros dentro da congregação, deveriam ter alguma forma de remuneração.
Não há mal em trabalhadores do evangelho serem beneficiados com alguma forma de remuneração. Pior coisa já se faz: pregadores que  cobram cachê e só vão a eventos de porte, cantores que cobram cachê e só cantam em eventos que gerem boa renda (por que não ir às igrejinhas?), pastores que têm sua igreja como empreendimento, cobranças de dízimos, super ofertas, super votos monetários, etc.
No próximo post, falarei de dízimos e ofertas.

Como fazer cristianismo social na igreja - parte 3

A Igreja Evangélica do Cristianismo Social teria que ser relativamente comunista, pelo menos ao máximo que ela pudesse. Sei que nem todos os membros terão carros do ano, casas super confortáveis, planos de saúde, até porque seríamos uma igreja, e não uma revolução mundial de reformulação do capitalismo.
Mas, enquanto dirigente, eu não tenho como aceitar irmãos morando en casas precárias, quando ali temos mãos de obra, materiais e mutirão para ser feito. Não daria para dar um carro a cada irmão (mas se desse, por que não?), mas o que nos impediria de mandar fazer a chaparia no velho carro de um membro que dependesse desse transporte?
Gente, o modelo político-social das igrejas contemporâneas prega amor ao próximo, mas as igrejas são incapazes de fazer alguma coisa por um esquizofrênico que passa anos e anos perambulando pelas ruas da comunidade. Os pastores vão dizer: "isso é um problema do serviço de saúde". Mas eu diria que pode até ser. No entanto, o esquizofrênico precisa comer, beber, tomar banho, trocar de roupa, ter algum lugar pra morar.
O que fazer com todos os doidos, mendigos, drogados que vivem nas ruas? Talvez, as igrejas sejam incapazes de resolver, talvez elas nem juntas consigam. Mas, porque elas nem tentam, na maioria das vezes?
Uma igreja tem despesas fixas: alguns pontos são alugados, faxineiros, obreiros e outros dirigentes até recebem ajuda de custo. Mas, depois de quitadas todas essas despesas, não sobra nada?
Duvido muito. Falta vontade para gastar o dinheiro de outras formas. Em outras vezes, falta criatividade.
Em outras vezes, o pastor local é tão "devoto" da liderança geral, que se sente sem autonomia para resolver problema algum, que não sejam aqueles de costume.