quarta-feira, 9 de abril de 2014

Os suplícios da contratação de freelancers redatores

Como também freelancer, embora aposentado, posso dizer que o trabalho com essa categoria profissional é um universo permeado por expectativas e frustrações. Apostamos na constância de uns, para nos três dias seguintes descobrirmos que ele não poderá nos atender.

Tive até hoje más experiências com freelancers e aí entendo claramente porque motivo um blog ou site que tão logo comece a se estruturar financeiramente aprende logo uma regra vital: contratar gente (pelo menos uma pessoa fixa) para produzir conteúdo frequente. Tive experiências como revisor de textos de freelancer que por pouco quase não acabou em discussão com um deles. É uma expectativa que só dura até a primeira esquina.

O serviço oferecido por sites como o Freela é sempre louvável: eles conseguem reunir gente com propósitos para trabalhos temporários. Já postei projetos meus, já aprovei freelancers e fechei concorrências. Mas na hora H, nos momentos em que mais precisei abastecer um blog, por exemplo, fiquei na mão. É frustrante.

Por experiência, sei que a maioria deles tem ocupações em outros níveis, geralmente são empregados mesmos e pensam fazer uma graninha com produção de textos. Mas, se eu fosse partir para uma estatística, diria o seguinte: dos 10 freelancer que já tentei manter constância de produção, tive decepção com nove, se não todos os 10! É frustrante.

Recentemente, aconteceu algo engraçado. Mandei uma lista bem intencionada de pautas, com um conteúdo de nicho, mas sendo bem específico nos textos que queria. O cara que se interessou por fazer começou a me responder de maneira diferente: "Olha, eu posso escrever sobre isso e aquilo outro, em vez desse e daquele jeito que você propõe?" ou então, "Alberto, posso fazer uns artigos assim e assado". Ou seja, ele queria fazer TUDO, menos ESCREVER SOBRE O ALGO QUE PEDI.

É fato notório que a maioria dos  freelancer acha, por exemplo, que escrever é uma tarefa árdua demais para merecer R$ 4 ou R$ 5 por texto, ou até mais do que isso. Muitas vezes só de ver a pauta, eles se cansam: afinal, dará trabalho para pesquisar o assunto, as temáticas solicitadas "fogem à regra" desse povo, não vai ser fácil achar nos dez primeiros resultados do pai Google, enfim, e dá no que dá: eles desistem e somem, sem dar explicações. Deve ser esse também um dos motivos que explicam o porquê de alguns deles sofrerem logo um calote de certos clientes. É muita expectativa. Mas também é muita frustração.

Por outro lado já tem empresa e blogueiro freelancer que quer se "profissionalizar". Montam um site, do tipo aquele da Redaweb, que funciona da seguinte forma: o cliente acessa, detalha a pauta e primeiro paga, depois leva. Os preços são variados: há "pacotes" de 10 textos por R$ 45,00, há unidades de texto por R$ 8,00... devem existir outros pacotes (premium, basic, etc, os nomes da moda).

Para o lado deles, essa tática é ótima, pois evitam-se calotes de clientes mal intencionados e profissionaliza-se a frequência de postagens. Para o nosso lado, de quem está comprando o serviço, muitas vezes pode ser péssimo: a gente poderá revisar o texto (para aqueles que se dão ao trabalho), pode achar muita merda escrita e não ter a quem recorrer para reclamar. Aliás, pode ter alguém até para reclamar e a empresa ou o redator freela poderá dizer que irá melhorar o texto. Mas quem me garante que não sairá outra merda? Tudo é possível nesse mundo dos textos...

Há gente de blogosfera, por exemplo, que se fosse depender de um freela para sobreviver, ele não duraria um mês na internet. Realmente, eu só tenho traumas com freelancers redatores. Eu espero que meus "patrões" da blogosfera não tenham tido traumas comigo. Mas vá lá saber...

Ao terminar de ler este artigo, leia: Os suplícios da contratação de freelancers redatores - parte 2

quinta-feira, 27 de março de 2014

O dom de se calar

Dias atrás, senti a vontade de pedir a Deus que Ele me livrasse e guardasse de ter opinião. Volto ao tema, pois estou sentindo novamente a necessidade de calar. Não vem adiantando muita coisa falar, falar, para depois as pessoas condenarem aquilo que pensamos delas. Ou seja, já está soando agressivo demais a gente postar o que pensa, quando na verdade não tem nada disso.

Descobri que as pessoas, em tempos de internet, se ferem com mais facilidade do que antes, pois parecem estar sofrendo da que eu chamo de Síndrome da Sensibilidade nas Redes Sociais (SSRS). Basta uma palavra junta numa frase escrita para acharem que aquilo foi para elas. Às vezes, essas palavras podem até ter sido para elas, às vezes não. Mas o interessante não é nem isso, e sim o tanto de amplidão que a nossa "sensibilidade auditiva" vem conquistando nos últimos anos da geração Y e também da geração Z (aqueles que não nasceram com a internet, mas estão aprendendo a se virar com ela e interagir).

Eu não sabia - e até hoje nem sei, mas está me parecendo - que preciso sempre dizer aquilo que não incomoda. Ninguém pode incomodar ninguém neste mundo! Imagine se 10 pessoas conhecidas fossem colocadas a cada dia dentro do Jogo da Verdade (aquele que cada participante revela o que pensa a respeito do outro)? Isso já está acontecendo nas redes sociais, mas é tão velado ainda, que soa da forma que eu mencionei acima: todo mundo se fere com o que foi postado por todo mundo.

Nunca fui muito fã de passar mais de 15 minutos no Facebook, ou mesmo no defunto Orkut (por aí já dá para imaginar a minha assiduidade nas outras redes), mas não me lembro de quantas vezes já postei uma afirmação, que, horas depois, seria logo apagada por mim. Em algumas postagens dessas, minha única motivação foi a revolta, a indignação com alguma coisa que me fizeram. Em outras vezes, fiquei com receio do que as pessoas poderiam pensar, já que a maioria não está acostumada, por exemplo, com a leitura de uma frase minimamente mais reflexiva do que a grande massa de besteiras que lemos todos os dias.

Por falar nisso, outro dia postaram algo assim (em uma linguagem totalmente divergente do padrão dito "aceitável" do português brasileiro):

"tem gente que pensa que engana os outros só porque sabe postar palavras bonitas". 

Eu tomei isso logo para mim, porque de certa forma, também me sinto contaminado pela Síndrome da Sensibilidade nas Redes Sociais (SSRS). Ou seja, já tem até gente que pensa que o modo como algumas pessoas escreve significa pedantismo, exibição de "cultura", vaidade, superioridade.

Concluindo, reafirmo a oração: Deus me livre e guarde de emitir opinião e me conceda o dom de saber a hora de calar.