Outro dia, alguém me disse que se alguma coisa não é achada no Google, é porque certamente essa coisa não existe. Em tempos de Google dashboard, integração com o Facebook e todo o tipo de maneira para ser achado pelos buscadores em geral, é realmente de se lamentar não encontrarmos aquilo que pesquisamos, relacionado a algo ou a alguém.
Acontece comigo vez por outra, em parte devido à pouca frequência com que as pessoas, principalmente no nordeste do país, acessam a internet e em parte porque os vínculos que as pessoas têm criado durante esses acessos não o permite, por serem pouco consistentes. Sem falar no fato de que muitas pessoas físicas e jurídicas simplesmente só "existem" na web em uma simples citação dessas de site de lista telefonica, ou seja, falta muito para essas pessoas perceberem o potencial que a internet tem para divulgar o que andam fazendo. Talvez o verbo não seja perceber, mas aderir.
Muita gente acessa a internet sim, mas isso não quer dizer que possuam o que se pode chamar de “vida online”. Tem gente que só vai à lan house pesquisar alguma coisa, não se “loga” a coisa alguma (perdoem-me pelo verbo logar?), se limita a navegar por mares de águas diversas, desapegadamente, no máximo faz um login apenas para conferir as últimas do Orkut. Tempos atrás (entre 2003 a 2006, principalmente), frequentava lan houses, mas só acessava a web para checar webmail e pesquisar qualquer coisa, ou então para finalizar algum trabalho escolar que necessitasse de internet - e isso somente nos tempos universitários, porque até pouco mais de uma década eu só conhecia uma espécie de ferramenta de busca: a Biblioteca Municipal Arnold Silva Plaza e a Monteiro Lobato, em Feira de Santana. Blogosfera? Curso à distancia online? Leitura de RSS? Twitter? Google Docs? Zoho? Portal de Periódicos? Wave?
Passava longe de tudo isso, em parte por desconhecimento, em parte por falta de tempo mesmo para se debruçar e por achar lan house extremamente desconfortável. Afinal de contas, não existe conforto algum em você ficar sentado naquelas cadeiras, vizinho de outras pessoas, geralmente adolescentes barulhentos focados em games da moda, pagando por um tempo de uso da máquina, sem privacidade alguma e pressionado pelo cronômetro daqueles softwares infames de cybercafé, que transformam todas as máquinas da lan em zumbis "dedicados"...
Ademais: certos usufrutos da web demandam tempo para digestão, conhecimento dos bastidores, participação efetiva, crítica, interlocuções diversas, enfim, não é um exercício propício para ser realizado nesses centros, pelo menos de maneira plena, a não ser que você não trabalhe e só viva para isso. Lógico, quando não há jeito a gente faz, muita gente faz, porém perdemos muito em comodidade, conforto mesmo.
Mas voltando ao assunto de não ser achado, de fato, passo por isso de vez em quando. Por exemplo, recentemente ao pesquisar pelo nome uma pessoa que foi minha colega de escola na adolescência, que se chama Agda, simplesmente não consegui achar nada sobre. Disse que ela "se chama” porque está viva, pelo menos é no que eu sou levado a crer, convictamente. Por irônia, ela tem uma palavra no sobrenome que é atípico, “Fllans”, o que poderia me levar a crer que seria o diferencial, mas mesmo assim, dá insucesso. Não sei se estou usando a combinação de palavras certas para achá-la, até porque não se trata de uma questão de urgência ou de necessidade imediata: a minha única intenção é dar um simples alô e ter certeza de que essas e outras pessoas que passaram por nossas vidas em algum momento continuam tendo lembrança também. Tudo que encontro é uma citação do seu nome em uma lista de classificados para um vestibular ou algo do tipo, na UFBA, em 2005. Não é nada pessoal. Nunca tive nada com essa pessoa, a não ser a oportunidade de ser colega de turma por uns três anos, sempre nos tratamos com o devido respeito e com as formalidades no seu devido lugar.
De qualquer forma, ficou claro que esse sumiço de Agda só demonstra que o que não é achado nos servidores da Google com certeza existe. Na Lembrança.
Artigo originalmente publicado em março de 2010.
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