sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O complexo de aniversário

Eu tenho um complexo de aniversário que é até simples de qualquer um entender: não precisa fazer bolo, não precisa fazer surpresa de parabéns, nem precisa me levar para os lugares para que eu disfarce que não sei de nada. Basta lembrar que "hoje é o seu dia, hein?" e me dar qualquer presentinho que já me dou por satisfeito.

Ainda não investiguei profundamente se eu tive uma infância de aniversários, mas o fato é que não lembro de festa alguma em meu nome. Se assim se deu na minha infância, acredito que meus pai acertaram na minha educação para aniversariantes. Cresci achando datas de meu aniversário como um dia comum, somente com a leve diferença de que estou ficando mais velho. Aliás, cresci achando qualquer data festiva como apenas mais um dia do calendário. E tanto faz ter comemoração, como não.

Seria bem melhor comemorar aniversários se minha vida fosse igual à do Benjamim Button, que nasceu velho e foi virando criança aos poucos. Acho que faria mais sentido comemorar literalmente a minha renovação. 

Ademais, fazer aniversário de adulto com bolo, por mais carinhoso que seja o gesto, eu dispenso. No entanto, se a cada ano as pessoas se lembrarem de mim com um singelo bolo eu sempre irei respeitar e participar. Claro! Ter esta espécie de complexo de aniversário não me tornou um ogro, não me tornou insensível, não me tornou arrogante, nem alienado.

Mas se fosse para eu escolher o cardápio, aqui vai: inventem um almoço, uma pizza, inventem um festival de sorvete, até um festival de frutas ou churrascada, mas não precisa se desgastar com bolo adocicado. Bolo doce de aniversário me lembra alguma comida enjoativa. Aniversário deveria ser o único evento que não pudesse ser enjoativo...

Meu complexo de aniversário é simples, como eu expliquei. Basta apenas as pessoas entenderem que nem tudo o que a gente precisa sentir precisa ser o mesmo sentimento dos outros.